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Ré em caso de acidente da TAM, ex-diretora da Anac diz que foi vítima do "sistema político"

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

08/08/2013 18h47

A ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise de Abreu afirmou, nesta quinta-feira (8), que é vítima de "um complô" e do "sistema político" brasileiro. Ela é acusada de atentado contra a segurança no transporte aéreo, ao lado de dois ex-diretores da TAM, pelo acidente com o voo JJ 3054 da companhia, que matou 199 pessoas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no dia 17 de julho de 2007. O julgamento do trio começou na quarta-feira (7), em São Paulo.

Relembre o caso

  • Arte/UOL

    Infográfico mostra como ocorreu o acidente do voo JJ-3054 da TAM

"As CPIs [do Apagão Aéreo] não investigaram o que deveriam. Demóstenes [Torres, senador cassado, à época do DEM] fez acordo para acusar a Anac, que era nova na época", afirmou Denise, que acompanhou a sessão do julgamento desta quinta. Em 2007, Câmara dos Deputados e Senado instalaram comissões para investigar o acidente da TAM.

Denise disse que em seu depoimento durante o julgamento, ainda sem data para acontecer, vai esclarecer que tipo de acordo foi feito e os políticos envolvidos.

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Veja as etapas do julgamento

7 e 8 de agostoSerão ouvidas seis testemunhas da acusação
11 e 12 de novembroSerão ouvidas seis testemunhas da defesa
3,9 e 10 de dezembroSerão ouvidas 15 testemunhas da defesa
Sem dataOitiva dos réus 
  • Fonte: Justiça Federal

"Não compete à Anac a liberação da pista. Por que tanta proteção à Infraero? Porque é um órgão do governo. Eu fui eleita bode expiatório pelo sistema político do país", afirmou.

Na saída do fórum, Denise foi confrontada por familiares das vítimas, que disseram que seus filhos morreram carbonizados por culpa dela. "Ninguém mais do que eu, que sou mãe, sabe o que vocês estão sentido. O que aconteceu foi muito triste. Queria me solidarizar com as familias."

A ex-diretora da Anac comentou ainda o depoimento da desembargadora Cecília Marcondes, que afirmou que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) – à época dirigida por Denise-- encaminhou um estudo interno, sem validade de norma, como se fosse um certificado internacional que atestava a segurança na pista de Congonhas.

"A desembargadora deu respostas contraditórias. Aquele documento dizia respeito a três modelos de aeronaves: Fokker 100 e dois Boeings. O Airbus [modelo da TAM que caiu] nunca foi impedido de posar em Congonhas."

Dário Scott, que preside uma associação de vítimas do acidente, disse que "ela [Denise] sabe o que é ter filhos, mas não sabe o que é ter um filho cremado ao vivo", afirmou.