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Protestos no Rio e SP têm confrontos com a polícia e depredações

Do UOL, em São Paulo e no Rio

14/08/2013 20h32Atualizada em 15/08/2013 08h18

Protestos contra os governos estaduais terminaram em confronto entre manifestantes e a polícia no Rio de Janeiro e em São Paulo na noite desta quarta-feira (14).

No Rio de Janeiro, o alvo dos protestos foi o governador Sérgio Cabral (PMDB) e na capital paulista, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que teria sido conivente com um suposto cartel na contratação de empresas para obras do metrô do Estado de São Paulo, conhecido como Caso Siemens, segundo as investigações.

  • Gustavo Basso/UOL

    Ricardo Monteiro Rizzo é levado pela polícia, acusado de depredação do patrimônio público. Ele foi um dos três manifestantes detidos em São Paulo

  • Gustavo Basso/UOL

    Vidro da fachada da Câmara dos Vereadores de São Paulo foi atingida por pedras durante confusão entre policiais e manifestantes

Em São Paulo, alguns manifestantes invadiram a sede da Câmara Municipal depois de 3.000 pessoas percorrerem por horas as ruas do centro da cidade.

Antes da invasão, alguns manifestantes jogaram bombas em frente a Câmara, com revide da Tropa de Choque, que usou gás lacrimogêneo para dispersá-los.

No caminho, manifestantes depredaram agências bancárias. Três homens foram presos, acusados de dano ao patrimônio público e por portarem coquetéis molotov. Eles foram levados para o 1º, 5º e 78º DP.

Outros 600 manifestantes também ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo, pedindo uma CPI para apurar o cartel, segundo a PM.

Participaram dos atos em São Paulo o Sindicato dos Metroviários, Movimento Passe Livre, "Professores em Luta", Apeopesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e a CUT. 

Confronto entre PM e manifestantes em SP tem troca de explosões

No Rio, ação da PM será alvo de inquérito

No Rio de Janeiro, vários confrontos entre manifestantes e a Polícia Militar em Laranjeiras, perto da sede do governo estadual, na zona sul da capital fluminense, levaram o chefe do DGPC (Departamento Geral de Polícia da Capital), delegado Ricardo Dominguez, a afirmar que será aberto um inquérito para investigar os "excessos da Polícia Militar" na frente da 9ª DP (Catete).

Segundo Dominguez, o comandante da operação da Tropa de Choque durante o protesto será intimado a depor.

"O comandante vai ter que explicar os excessos da Tropa de Choque na porta da delegacia", afirmou. Procurada a Polícia Militar afirmou não saber quem é o responsável pela operação desta quarta-feira.

Todos os policiais do Choque que estavam na frente da delegacia foram convidados a se retirar do local pelo chefe da DGPC, que acionou a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), da Polícia Civil, para assumir a operação.

"Pedi que o Choque saísse de cena e a Core entrasse, porque entendi que o que estava causando a confusão era a presença do Choque", disse.

Durante o confronto com os manifestantes, as bombas de gás lacrimogêno jogadas pela Tropa de Choque atingiram a frente da delegacia. No interior, alguns policiais civis se sentiram mal com o cheiro e chegaram a ser ajudados por socorristas que estavam no local.

Todos os 29 manifestantes levados para a 9ª DP foram liberados. Três deles responderão em liberdade por dano ao patrimônio, considerado um crime de menor potencial ofensivo.

As detenções ocorreram após o primeiro confronto entre manifestantes e a Polícia Militar na rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, perto da sede do governo estadual.

Horas mais tarde, houve nova confusão na frente da 9ª DP, com presença inclusive do Bope (Batalhão de Operações Especiais). Dois policiais foram feridos por pedradas, segundo a PM. Um socorrista disse ter sido atingido por estilhaços de bombas.

Os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que revidaram com pedras. Na rua das Laranjeiras, pessoas que participavam do protesto quebraram pontos de ônibus, placas, lixeiras e a frente de uma unidade das Lojas Americanas.

Boneco de Alckmim é queimado

Desde as 15h, pelo menos 3.000 pessoas protestam contra a corrupção e o desvio de recursos públicos no metrô de São Paulo no centro de São Paulo. Às 18h45, os manifestantes começam a se concentrar na Câmara Municipal, no Centro, onde a rua já está interditada.

Antes, o grupo caminhou pelas ruas do entorno da Praça da Sé, onde protestou em frente a Secretaria Municipal de Transportes com faixas 'Fora Alckmin' e com catracas de isopor. No local,  alguns manifestantes atearam fogo em um boneco do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Denúncias de cartel motivam protestos em SP

Após as denúncias da empresa alemã Siemens sobre a formação de um suposto cartel em licitações públicas do Metrô e da CPTM, ao menos dois protestos envolvendo diversos movimentos populares estão programados para agitar as ruas da capital paulista nesta quarta-feira (14).

O Sindicato dos Metroviários, em parceria com o Movimento Passe Livre, convocou os paulistas para participar de um ato com "caráter de denúncia" para reivindicar um transporte público, estatal e de qualidade.  Foi como definiu Nina Cappello, estudante de direito da USP e uma das organizadoras do movimento.

Os ativistas pretendem ainda cobrar por ações imediatas sobre as denúncias de negociatas dos governos do PSDB com grandes multinacionais para a formação de cartéis. As supostas propinas nos contratos para as obras do Metrô podem ter desviado R$ 400 milhões dos cofres públicos.