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Jornalistas são agredidos em confronto durante a CPI dos Ônibus do Rio

Manifestantes contrários à composição da CPI dos Ônibus e um grupo de cerca de 20 pessoas a favor brigaram próximo à Câmara - Kátia Carvalho/Estadão Conteúdo
Manifestantes contrários à composição da CPI dos Ônibus e um grupo de cerca de 20 pessoas a favor brigaram próximo à Câmara Imagem: Kátia Carvalho/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

22/08/2013 15h18

Pelo menos dois jornalistas foram agredidos durante a confusão generalizada do lado de fora da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (22), quando ocorreu a primeira audiência pública da CPI dos Ônibus.

A confusão teve início quando um grupo de 20 homens que estavam na Câmara apoiando o presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), tentou se retirar da Casa. Do lado de fora, manifestantes contrários à composição da comissão aguardavam os apoiadores do parlamentar. Após troca de ofensas, um dos rivais dos manifestantes lançou uma pedra em direção aos black blocs, dando início ao confronto físico.

Em menor número, os apoiadores de Brazão correram em direção às ruas Senador Dantas e Evaristo da Veiga quando se depararam novamente com um grupo de black blocs. Um dos manifestantes levou a pior durante a briga, sendo atingido por um soco na altura da testa. Ferido e ensanguentado, ele foi socorrido posteriormente pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Sete homens conseguiram correr até a portaria de um prédio na rua Evaristo da Veiga, quase na esquina com a avenida Treze de Maio, onde se esconderam de um grupo de aproximadamente cem manifestantes, que ficaram do lado de fora. A Polícia Militar fez um cordão na portaria do imóvel para impedir uma eventual tentativa de invasão.

Enquanto isso, black blocs e profissionais da imprensa começaram a discutir. Um cinegrafista da “Band” e um repórter do “Terra” foram agredidos com um chute nas costas e um pedaço de pau, respectivamente. O clima ficou ainda mais tenso quando, depois de pouco mais de 20 minutos isolados, os apoiadores de Brazão resolveram sair.

Primeiro, eles se dirigiram a uma das saídas do prédio, cujo acesso se dá pela avenida Treze de Maio. Porém, manifestantes e black blocs correram para o local, assustando pedestres e fazendo com que comerciantes fechassem as portas.

Pouco depois, os homens optaram por um terceira saída, na Travessa dos Poetas de Calçada, uma pequena rua localizada entre a rua Senador Dantas e a avenida Treze de Maio.

Black blocs e manifestantes conseguiram correr para o local antes que os apoiadores de Brazão fossem retirados, sob escolta da Polícia Militar. Paus, pedras e lixo voaram em direção aos sete apoiadores de Brazão, e um deles acabou sendo atingido no rosto. Desorientado, ele foi jogado por um policial dentro de um carro da PM antes que o grupo de manifestantes enfurecidos pudesse se aproximar.

Os sete homens foram levados pela PM. No decorrer do tumulto, um jovem encapuzado foi preso pela Polícia Militar após agredir um fotógrafo. Ele e os apoiadores de Brazão foram encaminhados para a delegacia da região (5ª DP), onde prestam esclarecimentos.

"Somos favoráveis ao Cabral"

Arredios, os 20 homens que estavam na galeria da Câmara apoiando os membros da CPI --e que protagonizaram as cenas de briga de rua que ocorreram na parte externa da Casa-- não quiseram falar com a imprensa. Um deles agrediu um cinegrafista independente que tentava registrar imagens do grupo, ainda dentro da Câmara.

Em duas oportunidades, na galeria, eles já haviam brigado com manifestantes contrários aos membros da CPI. A segurança da Casa conseguiu conter o ímpeto dos apoiadores, que se disseram "favoráveis ao Cabral".

O único que aceitou conversar com a reportagem do UOL foi Renato Fernandes, que disse não ser militante e que estava ali porque considera que o Rio "avançou muito nos últimos anos". Questionado se o grupo estava ali em virtude de uma possível remuneração, ele negou: "Os comprados são eles [referindo-se aos manifestantes que protestavam contra os membros da CPI]".