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PM suspeito de transformar casa em "UPP da Milícia" é afastado no Rio

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

23/09/2013 14h43

O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, coronel Marcio Oliveira Rocha decidiu afastar nesta segunda-feira (23) o sargento Ronald César Força após denúncia de envolvimento do PM com a milícia que atua na Praça Seca, zona oeste da cidade. Segundo reportagem publicada no jornal “O Dia”, ele faria parte da “UPP da Milícia” que atua na região. Força "foi afastado das ruas e prestará serviços internos", segundo nota da PM.

De acordo com a reportagem, os milicianos montaram na casa do policial, na favela da Chacrinha, a base da organização, que denominaram como UPP, em alusão às unidades da PM sediadas em comunidades da cidade. A casa, nas cores azul e branca, como as usadas pela corporação, têm pintadas as letras que compõem a sigla da Unidade de Polícia Pacificadora.

O jornal “O Dia” informa ter tido acesso ao inquérito da PM sobre o caso, de acordo com o qual a quadrilha de milicianos escolheu usar a sigla UPP para demonstrar aos moradores que a forma de atuação é espelhada na implantada pelo Estado para o policiamento das comunidades.  

Os milicianos agiriam controlando o comércio clandestino de venda de assinatura de TV a cabo (gatonet), dominando a máfia do transporte alternativo, além de ocuparem o papel de força de segurança nas comunidades cobrando pelo serviço.

Ainda segundo o inquérito que o jornal informa ter acessado, há cinco meses a casa serviu de esconderijo para milicianos de outros bairros que teriam prestado apoio à quadrilha na tentativa de retomar o domínio em outra comunidade, Bateau Mouche, no mesmo bairro.

O sargento prestaria ainda apoio ao grupo do ex-PM no transporte de armas e de homens. O sargento usaria a carteira da PM para que os milicianos conseguissem a liberação em blitzes e fiscalizações, conforme denúncias encaminhadas à Corregedoria da Polícia Militar.

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Apesar de o imóvel constar em nome dos avós, já mortos, contas de prestadoras de serviço público aparecem no nome do sargento, diz a reportagem. Ele é suspeito ainda de passar para a quadrilha a localização de equipes do Detro (Departamento de Transportes Rodoviários) na ruas do bairro, para assim impedir a apreensão de veículos utilizados no transporte alternativo que estariam com a documentação irregular.

Segundo a PM, o atual comandante do Choque ficou sabendo da ação desse policial pela imprensa. Tudo porque, de acordo com a corporação, ao assumir o batalhão, em agosto desse ano, o inquérito que apontava o envolvimento do sargento com a milícia já estava em andamento.