Morre no Rio a ex-prostituta fundadora da Daspu e da ONG Davida
A ativista em prol da profissionalização das prostitutas no Brasil Gabriela Leite morreu na quinta-feira (10) no Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro. A ex-prostituta tinha 62 anos e lutava contra um câncer de pulmão.
Natural de São Paulo, Gabriela foi prostituta da Boca do Lixo, na capital paulista, da zona boêmia de Belo Horizonte e da antiga Vila Mimosa, no Rio. Estudou Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo) e, em 1992, fundou a ONG Davida.
Outra criação de Gabriela foi a grife Daspu em 2005, uma ironia à Daslu, famosa loja de artigos de luxo do país. Em 2010, a ex-prostituta foi candidata a deputada federal pelo PV.
O velório começa no sábado (12), às 7h, no Cemitério do Catumbi, com cerimônia marcada para as 8h30. O enterro está marcado para as 9h30.
Gabriela Leite dá nome ao projeto de lei de autoria do deputado federal Jean Wyllys que propõe a regularização das prostitutas. O projeto é analisado por uma subcomissão instalada na Câmara dos Deputados.
"Ao longo de 30 anos, ela colocou em cena para a sociedade em geral a questão da prostituição como uma profissão, como trabalho e os direitos envolvidos. Tudo sempre em uma perspectiva feminina. O projeto [de lei] é sim muito importante”, afirmou o marido da ativista, Flavio Lenz. “Formaliza todos os aspectos da profissão e não é à toa que leva o nome dela."
Ele lembrou que a longa trajetória de luta de Gabriela fez com que, em 2002, o Ministério do Trabalho incluísse os profissionais do sexo entre as ocupações, permitindo que as prostitutas trabalhem como autonômas.
O deputado Jean Wyllys lamentou em sua página no Facebook a morte de Gabriela. "Obrigado por ter me/nos ensinado que cada mulher pode ser considerada digna, independentemente de quais sejam suas escolhas", escreveu.
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