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Dinheiro da Copa e aumento de passageiros atraem grandes empresas ao leilão de Galeão e Confins

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

21/11/2013 16h46

O governo federal realiza às 10h desta sexta-feira (22), na sede da Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo), o leilão de concessão dos aeroportos internacionais do Galeão (Rio de Janeiro) e de Confins (Minas Gerais). Sem a necessidade de executar obras para a Copa do Mundo de 2014 e interessadas na alta demanda de passageiros no Brasil, grandes empresas - brasileiras e estrangeiras - estão na disputa. 

Os nomes dos concorrentes não foram divulgados oficialmente pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para evitar a formação de cartéis, mas especialistas acreditam que cinco consórcios disputarão o controle do Galeão e três deles também concorrerão por Confins. Um dos consórcios é formado pela Odebrecht e pela Changi, de Cingapura, cujo aeroporto é considerado o melhor do mundo. Outro tem a Ecorodovias e a alemã Fraport. A Carioca Engenharia se juntou à francesa ADP e à holandesa Schipol. O Grupo Queiroz Galvão formou parceria com a espanhola Ferrovial. E a CCR se vinculou à suíça Flughafen Zurich e à alemã Flughafen Munchen.

Todas as empresas estrangeiras operam aeroportos grandes, principalmente na Europa, diferentemente do cenário de fevereiro 2012, quando foram concedidos os aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas. Na ocasião, grupos menores saíram vencedores. No ano passado, o governo exigia que os grupos interessados tivessem experiência na administração de terminais com movimento anual de 5 milhões de passageiros. Dessa vez, cobrou-se experiência na operação de aeroportos com movimento anual de 12 milhões de passageiros (para Confins) e de 22 milhões (para o Galeão).
 
Segundo o professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, essa exigência é um dos elementos que atraiu grupos maiores para o novo leilão. "Temos pela primeira vez no Brasil os grandes players mundiais em gestão de aeroportos. Isso trará para o Brasil um patamar de gestão aeroportuária de primeiro mundo. É um grande salto".
 
Outro componente que agradou os investidores é o fato de não serem obrigados a realizar obras de porte para a Copa de 2014 no Galeão e em Confins. Estas são executadas pela Infraero, que triplicou seus investimentos nos dois aeroportos durante este ano. Em Brasília, Guarulhos e Campinas, os vencedores tiveram de assumir as obras com vistas ao Mundial. No caso do Galeão, o consórcio que ganhar o leilão terá de fazer obras apenas para os Jogos Olímpicos de 2016.
 
Além disso, os grandes grupos foram atraídos pela demanda crescente dos aeroportos brasileiros. O movimento de passageiros no país aumentou 118% entre 2003 e 2010. O Galeão teve em 2012 um movimento de 17,5 milhões de usuários. Ele atrai 22% dos voos internacionais do Brasil, é o quarto maior aeroporto do país e o sexto da América Latina.
 
Confins é o quinto maior aeroporto do Brasil e o décimo da América Latina. Em 2012, registrou um movimento de 10,4 milhões de passageiros. Pelo aeroporto mineiro, passa 1% dos voos internacionais do Brasil.

Lance mínimo e obras

O lance mínimo exigido para o Galeão é de R$ 4,828 bilhões. Para Confins, o lance mínimo é de R$ 1,096 bi. Em 2012, o leilão para as concessões de Guarulhos, Campinas e Brasília teve um ágio médio de 347,9% sobre o preço mínimo.

O sistema de concessão é de partilha entre governo e iniciativa privada. Os consórcios vencedores ficarão com 51% do controle de cada aeroporto; a Infraero terá 49%.
O prazo de concessão do Galeão é de 25 anos, com possibilidade de uma prorrogação de até cinco anos. No caso de Confins, o prazo é maior: são 30 anos, com possibilidade de prorrogação de até cinco anos.

O edital prevê a realização de obras obrigatórias nos dois aeroportos. No Galeão, exige-se, por exemplo, a construção de 26 pontes de embarque e a ampliação do pátio de aeronaves até abril de 2016. Em Confins, o governo cobra, entre outros itens, a construção de um novo terminal de passageiros com pelo menos 14 pontos de embarque e vias terrestres associadas até a mesma data.

Além das obras obrigatórias, as concessionárias precisarão cumprir 32 indicadores de qualidade de serviço, como a disponibilidade de assentos, elevadores e escadas rolantes. Há também a previsão de melhorias de curto prazo na infraestrutura, como banheiros, sinalizações e acesso gratuito à internet. O governo estima que serão feitos investimentos de R$ 5,7 bilhões no Galeão e de R$ 3,5 bilhões em Confins.

Mais conforto para os usuários

Com as concessões, o governo espera que a infraestrutura dos aeroportos evolua mais rapidamente e proporcione maior conforto aos passageiros, além de permitir o crescimento da oferta de voos e o aumento da concorrência entre os aeroportos. Com mais voos e concorrência, a expectativa é que os preços das tarifas aéreas caiam.

A previsão é que os grupos vencedores assumam Galeão e Confins em março de 2014. Paulo Resende afirma que as empresas estrangeiras que disputarão o leilão são conhecidas pela qualidade dos serviços oferecidos aos usuários de aeroportos. "Imediatamente, o passageiro perceberá pequenas mudanças que vão melhorar os serviços prestados", prevê.

Segundo o pesquisador, os usuários de Galeão e Confins deverão contar em pouco tempo com um serviço mais prático de despacho de bagagens, mais poltronas e cadeiras, banheiros mais limpos e também notarão um melhor aproveitamento de espaços nos aeroportos.