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Manifestantes incentivam usuários a pular a catraca em protesto no Rio; empresa libera entrada

Centenas de passageiros pularam ou passaram por baixo das catracas da estação de trens da Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (30) - Alexandro Auler/Estadão Conteúdo
Centenas de passageiros pularam ou passaram por baixo das catracas da estação de trens da Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (30) Imagem: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

30/01/2014 19h48Atualizada em 30/01/2014 21h08

Manifestantes ocuparam a estação de trem da Central do Brasil, no Centro do Rio de Janeiro, no início da noite desta quinta-feira (30), de uma manifestação contra a Supervia, concessionária que administra os trens, e a má qualidade no transporte público da cidade. 

Usuários, incentivados por cerca de 100 manifestantes, pularam ou passaram por baixo das catracas que dão acesso às plataformas, sem pagar a tarifa, que é de R$ 2,90. O número de pessoas que não pagaram a passagem não foi divulgado.

Por volta das 20h30, os próprios agentes da Supervia liberaram a entrada gratuita dos usuários. A medida foi comemorada pelos manifestantes. 

Por volta das 20h45, aos gritos de "amanhã vai ser maior", os cerca de 100 manifestantes deixaram a Central do Brasil e começaram a caminhar pela avenida Presidente Vargas, interditando um dos sentidos da via.

Segundo os ativistas, que estão sendo acompanhados de perto por dezenas de PMs, o plano agora é se dispersar, já que o objetivo do ato foi alcançado. "Muitos trabalhadores voltaram para casa sem pagar", disse o estudante de direito Hare Brasil.

Havia poucos mascarados no protesto --a reportagem contou dez.

O ato, chamado pelos ativistas de "catracaço", foi acompanhado de perto por policiais militares e agentes de controle da Supervia e até as 19h30 era pacífico. O grupo chegou ao local por volta das 18h30, quando a estação estava lotada.

O protesto foi o segundo nos mesmos moldes nesta semana --houve outro na terca-feira (28)--  e é o primeiro após o anúncio do aumento das tarifas de transporte público na cidade, feito quarta-feira (29) pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) e publicado nesta quinta no "Diário Oficial do Município".

Atrás das catracas, os manifestantes gritavam "pula que é de graça" e "trabalhador não vai pagar".

No evento de convocação do ato no Facebook, marcado para as 18h, os manifestantes foram convidados a fazer um protesto "que seja pacífico, porém enérgico e imperativo". "Não aceitamos pagar R$ 3,20 por um serviço que não vale nem R$ 0,01", dizia o texto do evento.

Usuários

Ao passar pelos manifestantes, um homem, que não quis se identificar para a reportagem, gritou que o grupo era um "bando de terroristas" e que aquilo era "uma baderna".

O agente de trânsito Luiz Paulo Pereira disse apoiar o ato, mas preferiu pagar a tarifa. "Se não for para depredar, para fazer baderna, eu apoio, com certeza. O transporte público está uma bagunça", afirmou.

"O preço não está justo para a qualidade do serviço", disse Luiz.

Para a analista de compras Ana Paula Lima, 38, que passou por baixo da catraca, o "catracaço" é uma forma justa de reivindicar os direitos da população. "Quero mais protestos como esse. E quero que o povo vá pra rua de novo", disse. 

A auxiliar administrativa Carolina Magalhães concorda. "Ano passado só baixaram a tarifa de ônibus por causa dos protestos. O transporte aqui no Rio é uma porcaria. Não tem como aumentarem os preços", afirmou.

Carolina, que também entrou na plataforma sem pagar, lembrou que, na semana passada, dia 22, não conseguiu ir para o trabalho por causa de um acidente com um trem. "O patrão não quer nem saber que o transporte é ruim. Vou ter esse dia do meu salário descontado", disse.

Uma das manifestantes que incentivava os passageiros a passarem pelas catracas, a aposentada Suely Freitas, 63, classificou a situação dos trens administrados pela Supervia como "um abuso".

"Como o governo não respeita o povo, também não podemos respeitar o governo", disse. Ela afirmou que não é usuária dos trens, mas que faz questão de lutar por quem precisa utilizá-los.