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Greve dos garis chega ao fim no Rio de Janeiro

Greve da Comlurb chega ao fim após negociação no tribunal do trabalho. Na foto, garis posam com o chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Teixeira, que afirmou que a negociação encerra esse episódio e a "ressaca do Carnaval" - Marcelo Carnaval/ Agência O Globo
Greve da Comlurb chega ao fim após negociação no tribunal do trabalho. Na foto, garis posam com o chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Teixeira, que afirmou que a negociação encerra esse episódio e a "ressaca do Carnaval" Imagem: Marcelo Carnaval/ Agência O Globo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/03/2014 18h33Atualizada em 09/03/2014 00h00

A greve dos garis chega ao fim no Rio de Janeiro, após reunião de acordo entre a comissão dos trabalhadores e representantes da prefeitura no TRT-RJ (Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro). A Prefeitura do Rio de Janeiro aceitou a contra proposta de salário-base de R$ 1.100 e tíquete alimentação diário de R$ 20. Os garis se comprometeram a retornar ao trabalho ainda neste sábado (8).

O chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Teixeira, disse que a negociação encerra esse episódio e a “ressaca do Carnaval”. “Decidimos aceitar [o acordo] para botar uma pá de cal nessa situação porque entendemos que os garis são um símbolo para nossa cidade”, afirmou.

Em entrevista coletiva, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que o final da greve dos garis lhe devolveu o controle da situação. Anteriormente, o prefeito havia dito que não se tratava de greve e sim, de "motim". Questionado como se sentia como capitão da cidade, ele respondeu: "Me senti como um capitão que retomou o controle da nau".

Com o acordo, os garis passam de salário base de R$ 802,57 para R$ 1.100, um aumento de 37%. E o tíquete alimentação, que estava em R$ 12, teve elevação de 66% e ficará agora em R$ 20. Os garis também recebem insalubridade de 40%, o que representa um salário final de R$ 1.540.

O acordo coloca fim à paralisação nos serviços de coleta de lixo que já durava 8 dias.  

Vinicius Roriz, diretor da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), afirmou que com a volta dos garis ao trabalho, a situação estará completamente normalizada em dois ou três dias.

Mais cedo, durante a primeira parte da reunião de conciliação no TRT, o chefe da Casa Civil afirmou que se os garis retomassem o trabalho imediatamente, nenhum funcionário da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) seria demitido.

Negociação
Segundo Pedro Paulo Teixeira, a negociação foi difícil porque "há limites" para o orçamento da prefeitura. "Mas a Comlurb é tão importante que não podemos abrir mão de investir nela", afirmou. "Nós vamos investir o que for preciso, apertar aqui, acolá, para que o nosso gari fique satisfeito".

Teixeira ainda não tinha os números fechados ao final da reunião. Ele estima, porém, que o impacto do reajuste salarial dos garis na folha de pagamento da prefeitura deve ficar perto de R$ 400 milhões. O aumento é retroativo a 1º de março.

A comissão dos garis e representantes da Prefeitura do Rio de Janeiro vão assinar um aditivo no acordo fechado com os sindicatos, com os novos valores. Esse acordo será protocolado ainda neste sábado.

Satisfeitos
Do lado de fora do TRT, aproximadamente 200 trabalhadores votaram na assembleia para fechar a contra proposta de R$ 1.100 e tíquete diário de R$ 20 aceita pela prefeitura. Originalmente, a categoria pedia salário base de R$ 1.200.
 
“Eu enxergo como uma vitória enorme para a categoria”, afirmou o diretor da Comlurb, Vinicius Roriz. A empresa possui perto de 20.000 funcionários, 15.000 deles garis.
 
Willian Rocha, 42, que é gari há dez anos, disse que estava feliz com a decisão. “Estamos todos satisfeitos. Tudo o que nós queríamos era sentar e negociar.”
 
Jonas dos Santos Junior ressaltou o caráter pacífico da greve. “Agradeço à população [do rio de Janeiro] que viu que nossa manifestação era pacífica e sem baderna”, disse. Sobre o aumento salarial, ele se mostrou satisfeito. “A minha família vai agradecer muito”.
 
Para Bruno Lima, 28, o movimento veio foi vitorioso. "Que bom que o prefeito teve a sensibilidade de reconhecer o nosso trabalho. Nossa categoria é tida como subalterna e mostrou como se organizar. Deixamos um legado histórico para a cidade. A partir desse movimento, outros certamente vão surgir.”