Após ataques a UPPs, Cabral vai solicitar envio de tropas federais
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou na madrugada desta sexta-feira (21) que vai solicitar o envio de tropas federais ao Estado após três UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) sofrerem ataques nesta quinta-feira (20).
Cabral se reuniu com o gabinete de crise e ligou para Dilma por volta das 23h da quinta. “Estou indo nesta sexta, às 11h, a Brasília me encontrar com a presidente Dilma Rousseff e os ministros das pastas afins para pedir ajuda”, disse, informou o governo em nota. Também acompanham ele o vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e representantes das polícias civil e militar. Cabral não adiantou que tropas e para quais comunidades vai solicitar o auxílio.
Beltrame disse que "o nosso plano de resposta é todo o Batalhão de Operações Policiais Especiais, a Coordenadoria de Recursos Especiais, o Choque, os batalhões da área e a Polícia Civil. Estamos todos de prontidão, com folgas diminuídas, ocupando espaços na cidade para evitar que haja qualquer tipo de ameaça ao cidadão carioca. Nós estamos com força total nas ruas do Rio".
Criminosos atacam três UPPs
Pelo menos três sedes de UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) foram atacadas por criminosos na noite desta quinta-feira, 20, na zona norte do Rio. Uma delas foi incendiada e seu comandante, baleado. Outro PM foi ferido com uma pedrada. Dois suspeitos foram baleados e um deles foi preso.
O tumulto começou na UPP de Manguinhos, por volta das 18h30. Policiais da unidade tinham ido até um prédio abandonado, que havia sido ocupado por invasores, com a intenção de cumprir uma ordem de desocupação. A retirada dos invasores começou pacífica, mas um grupo passou a atacar os policiais com pedradas. Um soldado foi ferido a pedrada e o tumulto aumentou, exigindo a intervenção do Batalhão de Choque.
Traficantes se aproveitaram da confusão e atacaram policiais e a sede da UPP. Houve troca de tiros, durante a qual o capitão Gabriel de Toledo, comandante da UPP, foi baleado na coxa direita. Levado inicialmente ao Hospital Federal de Bonsucesso, na mesma região, ele foi submetido a exames e depois transferido para o Hospital da Polícia Militar, onde seria operado durante a madrugada.
Criminosos também atacaram dois carros da PM e o contêiner onde funcionava a UPP, ateando fogo a eles. O incêndio atingiu a rede elétrica e deixou sem eletricidade parte do conjunto de favelas, composto por 13 comunidades.
Por conta do tumulto e da troca de tiros, a circulação de trens da Supervia no ramal de Saracuruna, que passa perto da comunidade, foi interrompida por volta das 19h30 e regularizada apenas às 22 horas. A avenida Leopoldo Bulhões, principal via das imediações de Manguinhos, também foi interditada.
Outros ataques
Por volta das 20 horas, criminosos atacaram outra UPP, a Camarista-Méier, situada no complexo de favelas de Lins de Vasconcelos e inaugurada em 2 de dezembro de 2013. A unidade foi atingida a tiros por bandidos, mas ninguém foi atingido.
O terceiro ataque foi à UPP do Alemão. Policiais foram surpreendidos por bandidos e houve tiroteio. Dois suspeitos foram baleados. Um deles conseguiu fugir, mas o outro foi preso. Seu nome não havia sido divulgado até a noite.
Um quarto ataque (à UPP Arará e Mandela, vizinha de Manguinhos) também chegou a ser divulgada por moradores através das redes sociais, mas não havia sido oficialmente confirmada.
Em nota, o governo do Estado do Rio afirmou que mantém "o firme compromisso assumido com as populações das comunidades e com a população de todo o Estado do Rio de Janeiro de não sair, em hipótese alguma, desses locais ocupados e manter a política da pacificação".
Também em comunicado, informou que o governador, Sérgio Cabral, e o secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, se reuniram com o comando da Segurança Pública no Centro Integrado de Comando e Controle para discutir avaliação e providências após os ataques.
Capitão é segundo oficial baleado no mês
Ataques de criminosos a policiais e sedes de UPPs têm se tornado cada vez mais frequentes. Toledo foi o segundo oficial de UPP baleado neste mês. No dia 13, o subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, Leidson Alves, de 27 anos, morreu baleado na testa, no Parque Proletário, na Penha (zona norte). Desde que as UPPs começaram a ser implantadas, em 2008, 11 policiais que atuavam nessas unidades foram mortos. (Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)
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