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Acre fecha centro para imigrantes e transfere haitianos para Rio Branco

Quarenta e seis haitianos embarcaram no início de abril, em voo fretado, com destino a Porto Velho (RO) - Luciano Pontes/ Secom
Quarenta e seis haitianos embarcaram no início de abril, em voo fretado, com destino a Porto Velho (RO) Imagem: Luciano Pontes/ Secom

Eduardo Duarte

Do UOL, em Rio Branco

08/04/2014 19h52Atualizada em 09/04/2014 17h12

O Governo do Acre decidiu nesta terça-feira (8) fechar o abrigo onde aproximadamente 900 imigrantes, a maioria de origem haitiana, esperam por transporte e documentação para se estabelecer no país. O centro fica na cidade de Brasiléia (a 220 km de Rio Branco), que já chegou a contabilizar mais de 1.300 imigrantes “ilhados”, devido à interdição da BR-364, provocada pela cheia do rio Madeira, em Rondônia.

De acordo com o secretário de Estado de Direito Humanos, Nilson Mourão, o fechamento do centro foi pedido pelos moradores de Brasiléia. “Queremos evitar conflitos entre a população e os imigrantes”, afirmou Mourão. “E na capital poderemos prestar uma melhor assistência a eles”.

Após o fechamento da BR-364, a Secretaria de Direitos Humanos chegou a registrar mais 2.500 imigrantes no Acre à espera de transporte para cidades no sul e sudeste. Devido à crise de abastecimento, a ajuda humanitária prestada pelo Governo chegou a ficar comprometida –inclusive para os imigrantes. A estimativa é que pelo menos 20.000 haitianos tenham passado por Brasiléia, aumentando a demanda por serviços. Até agora foram gastos R$ 15 milhões no acolhimento dos haitianos. 

Nos abrigos, os estrangeiros recebem alimentação, documentação, serviço de atenção à saúde e oferta de trabalho por parte de representantes de empresas que visitam o local

 

Desde o dia 1º, o governo tem usado os aviões do Ministério da Defesa para trazer alimentos e medicamentos ao Acre, além de transportar os imigrantes até Rondônia. A partir de Porto Velho, eles seguem para São Paulo de ônibus. “Já embarcaram 950 imigrantes. Ainda pretendemos embarcar mais 900 nos próximos dias e assim amenizar o sofrimento dessas pessoas que estão à espera de trabalho”, disse Mourão.

O Secretário disse ainda que, após o completo fechamento do abrigo, os imigrantes que chegarem ao país deverão seguir diretamente para Rio Branco, onde receberão acolhimento.  “Como estamos lidando com pessoas, não há como definir uma data exata para o fechamento, mas acredito que nos próximos 15 dias todo esse processo de transferência estará terminado”.

Damião Borges, servidor da Secretaria de Direitos Humanos, atende há três anos os imigrantes que entram no Brasil pela fronteira com o Peru. Para ele, a cheia do rio Madeira agravou uma crise já anunciada entre a população da cidade e os imigrantes. “Brasiléia já deu sua contribuição na causa humanitária, a cidade não tem mais capacidade de suporte e em Rio Branco eles terão mais oportunidades”, afirmou.

O governo do Acre decretou estado de calamidade pública nesta segunda-feira (7), devido à crise de abastecimento que colocou em risco a oferta de alimentos, medicamentos e combustíveis no Estado.

A imigração haitiana começou em 2010, logo após o terremoto que atingiu aproximadamente 3 milhões de pessoas no pais. Desde então, mais de 19.000 imigrantes passaram por Brasiléia, apontou Borges.

Para chegar ao Brasil, os imigrantes percorrem uma rota que passa atravessa República Dominicana, Panamá, Equador e Peru. A partir do Acre, esses imigrantes seguem geralmente para São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.