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Preso usa corda e pula muro de cadeia em São Luís; 2014 já tem 28 fugitivos

"Teresa" usada por preso para fugir ontem da Penitenciária de Pedrinhas - Reprodução
'Teresa' usada por preso para fugir ontem da Penitenciária de Pedrinhas Imagem: Reprodução

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

10/06/2014 14h12

A penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, registrou mais uma fuga de preso usando uma "teresa" - espécie de corda feita com lençol - nessa segunda-feira (9). O interno Melkzedeque Oliveira dos Santos, 26, usou o mecanismo improvisado para subir no muro da penitenciária, passou pela guarita de segurança e fugiu.

Equipes da PM (Polícia Militar) e do Geop (Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias) realizaram buscas pela região do complexo penitenciário, mas até agora não conseguiram recapturá-lo. Ao todo, já são 28 os fugitivos neste ano.

A penúltima fuga registrada no local ocorreu no dia 2, quando dois internos também usaram uma teresa para escalar o muro e fugir. Alisson Pavão e Jaílton Ribeiro amarraram a corda na guarita de número 4, escalaram o muro e tiveram acesso a área externa do Complexo de Pedrinhas.

Os presos escaparam em horários diferentes e, durante as duas fugas, os guardas terceirizados que deveriam vigiar da guarita não estavam no local.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Cézar Bombeiro Lopes, na noite dessa segunda-feira foi encontrado um túnel dentro da CCPJ (Central de Custódia de Presos de Pedrinhas), num pavilhão que abriga mais de cem detentos.

“No fim de semana, também foi abortado um plano de fuga na Penitenciária São Luís 2, em Pedrinhas. Presos serraram as grades de umas celas e outros chamaram um monitor, que é terceirizado, para ver o que estava acontecendo. Eles queriam pegar o monitor como refém, mas o plano foi descoberto”, contou Lopes.

Esta não é a primeira vez que Santos foge do Complexo de Pedrinhas. Ele foi beneficiado com a saída temporária do Natal de 2013 e não voltou à prisão. Ele foi recapturado no dia 13 de abril por PMs do 6º batalhão quando caminhava pelo bairro.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o fugitivo cumpria pena por roubo e é apontado como integrante de uma facção criminosa, envolvida com tráfico de drogas, homicídios e assaltos.

Em nota, a Sejap informou que abriu inquérito administrativo para investigar se ouve facilitação na fuga do preso. Segundo a secretaria, o chefe de plantão de segurança e o monitor responsável pela guarita foram ouvidos pela direção do estabelecimento prisional.

A segurança do Complexo Penitenciário de Pedrinhas também é feita por PMs e por homens da Força de Segurança Nacional, que estão no complexo desde o dia 27 de dezembro, depois que o governo do Estado determinou a atuação de militares nas unidades prisionais.

No fim do mês de maio, ocorreram duas tentativas de fugas ocorreram nos presídio São Luís 1 e 2, onde 18 e 20 presos serraram as grades, mas foram flagrados por monitores, que impediram as fugas.

No dia 15 de maio, três presos conseguiram da Penitenciária de Pedrinhas durante uma queda de energia. Os três internos fugiram por um buraco aberto na parede da cela 38, do pavilhão F1. Depois que passou pelo buraco, o trio chegou ao pátio e pulou o muro da unidade prisional.

O sistema prisional do Maranhão vem enfrentando uma crise na segurança, associada ao domínio de facções criminosas que atuam nas unidades prisionais, de acordo com um relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

No dia 3 de janeiro, chefes da facção Bonde dos 40 --nome em alusão à pistola .40-- ordenaram a integrantes fora dos presídios que colocassem fogo em vários ônibus na capital maranhense. Quatro ônibus foram atacados, sendo três deles incendiados, e cinco pessoas foram queimadas --uma criança morreu com 95% do corpo queimado.

A rivalidade entre grupos dentro dos presídios tem tornado as unidades prisionais extremamente violentas. Somente em 2013, foram 60 presos assassinados --em alguns casos houve decapitações. Há também constantes denúncias de presos de violações de direitos humanos.

Somente neste ano 14 presos morreram em unidades prisionais do Maranhão. A última morte ocorreu no dia 18 de maio, na CCPJ (Central de Custódia de Presos de Justiça). O preso Jean Araújo Pereira, 19, foi encontrado morto em sua cela na CCPJ. Ele cumpria pena por homicídio.

Superlotado, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas é o foco da crise, com 2.200 presos onde deveriam estar no máximo 1.700.