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Acusadas de fraude em SC, 6 empresas já receberam R$ 80 mi de prefeitura

Aline Torres

Do UOL, em Florianópolis

17/09/2014 17h58

Seis empresas acusadas de participar de um esquema fraudulento com secretários e diretores da Prefeitura de Balneário Camboriú (a 80 km de Florianópolis), em Santa Catarina, já receberam R$ 80 milhões do município, segundo dados do Portal da Transparência.

O esquema, investigado havia sete meses, envolvia oito empresas que pagavam propina a agentes públicos para obter alvarás de construção ou vencerem licitações para compra de materiais para obras públicas.

O Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual, prendeu três secretários municipais, dois diretores e três funcionários públicos na última segunda-feira (15), durante a Operação Trato Feito, além de donos de construtores catarinenses.

A empresa PLM, de Tijucas, recebeu R$ 32 milhões para pavimentar ruas da cidade, em contrato que não passou por processo de licitação. Seu proprietário, Lauro Stefani, também foi um dos 14 presos na operação.

Os donos das construtoras Sifra (de Jaraguá do Sul e Guaramirim) e Conceb (Balneário Camboriú) e o diretor da Helpcon (Joinville) também foram presos e estão no Presídio de Canhanduba, em Itajaí (SC).

O único liberado até esta tarde foi Marcelo Monte Carlo Silva Fonseca, engenheiro da Sotepa.

Três obras funcionaram como ponto de partida para as investigações, coordenadas pelo promotor Jean Michel Forest: a ponte da Barra, com custo de R$ 28 milhões; o elevado da avenida do Estado; e o projeto de pavimentação das ruas da cidade, estimado em R$ 100 milhões.

Todas as empresas foram procuradas pelo UOL e não quiseram responder as perguntas da reportagem. Apenas a Sotepa (Florianópolis) disse que ainda não teve acesso aos autos do processo, por isso irá aguardar para se manifestar.

As empresas, acusadas por cinco crimes - corrupção, peculato, tráfico de influência, fraude em licitações e associações criminosas -, ainda poderiam lucrar R$ 250 milhões do município, segundo a lista de obras que o prefeito Edson Periquito (PMDB) encaminhou à Câmara dos Vereadores no Plano Plurianual, que define projetos a serem executados até 2017.

A prefeitura afirmou que não se manifestará sobre as prisões. Até sexta-feira (19) devem ser definidos chefes de departamento provisórios para o lugar dos funcionários presos.

O procurador-geral de Balneário Camboriú, Marcelo Freitas, diz que “sindicâncias serão abertas para apurar se houve irregularidades cometidas pelos servidores”. A operação, por enquanto, corre em sigilo.