Em meio a crise da água, Billings sofre com descaso e poluição
Em meio à crise hídrica que afeta a região metropolitana de São Paulo, a represa Billings, com capacidade para armazenar 1,3 bilhão de metros cúbicos de água, cerca de 25% a mais que o sistema Cantareira, sofre com a poluição.
Segundo relatório do programa Billings Te Quero Mais Viva, produzido pelo Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, a represa chega a receber 800 toneladas de esgoto todos os dias. Outras 500 toneladas de lixo são jogadas em suas margens.
O relatório aponta ainda que a represa sofre com assoreamento, desmatamento das margens, aterramento de nascentes, impermeabilização do solo por loteamentos irregulares, adensamento populacional, poluição por lixo doméstico, químico e industrial.
Em 2010, um outro estudo, esse da Universidade de São Paulo, mostrou que o fundo da represa está contaminado com metais pesados, resultado do esgoto e lixo lançados na represa, que sofre também com a ocupação desordenada em suas margens.
Mesmo com dezenas de leis que definem a preservação de mananciais no Estado de São Paulo, incluindo a própria Constituição do Estado, e a Lei de Preservação da Billings, especialistas e ambientalistas afirmam que pouco foi feito pelos governos municipais e estaduais para zelar pela represa.
Comuns são os processos judiciais e manifestações públicas organizadas por entidades que pedem mais atenção para o reservatório. O Movimento Em Defesa da Vida (MDV) é uma destas organizações que nasceram para lutar pela proteção da Billings.
Virgílio Farias é um dos integrantes da entidade e luta desde a década de 70 pela preservação do manancial. Pernambucano, ele não se conforma em ter passado sede em sua terra natal e ver "um monte de água" ser tratada com tanta indiferença.
"Hoje a gente vê lodo fecal e lixo pela Billings", diz Vírgilio que se tornou advogado especialista em direito ambiental para lutar pela preservação do manancial e ressalta que "a grande São Paulo não sobrevive sem o reservatório da Billings com sua função de abastecimento público".
Já o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, desde 2005 publica em seus relatórios que as constantes estiagens e o processo de desertificação da Região Metropolitana da Grande São Paulo reforçam que mananciais como a Billings deveriam receber mais atenção e proteção para suprir a demanda de abastecimento de água potável da região.
Em março deste ano, no auge da crise do abastecimento de água a entidade chegou a entregar uma carta ao Governo do Estado de São Paulo e à Presidência da República ressaltando a importância de se investir na preservação e recuperação de mananciais já existentes, como a Billings, ao invés de priorizar obras de transposição com custos bilionários.
Procurada pelo UOL para esclarecer sobre o processo de despoluição e o lançamento de esgoto na Billings, a Sabesp informou que investe mais de 42 milhões de reais no tratamento de esgoto nas regiões atendidas por ela em torno da represa e que sua atribuição na é coletar e tratar esgoto nas cidades em que ela atua.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.