MP pede a suspensão da escolha de nome africano para gorila em BH
A escolha do nome do segundo gorila que nasceu em setembro último no Zoológico de Belo Horizonte (MG), por votação na internet, poderá ser suspensa. Uma recomendação para o cancelamento da votação, cujo resultado seria divulgado nesta terça-feira (16), foi feita pelo MP (Ministério Público) de Minas Gerais, nesta segunda-feira (15).
Segundo as promotoras de Justiça Nívia Mônica da Silva e Cláudia Amaral Xavier, que assinam o pleito, os nomes sugeridos de origem africana, Ayo (felicidade), Bakari (sucesso) e Jahari (poderoso) seriam nomes muito usados por descendentes de africanos e “estariam causando desconforto em crianças de Belo Horizonte”.
A recomendação é de suspensão da eleição ou, alternativamente, a substituição dos nomes por outros que não contenham origem africana.
O irmão mais velho do gorilinha, nascido um mês antes, em agosto, o primeiro em cativeiro na América Latina, teve o nome escolhido de origem tupi-guarani, Sawidi, que significa “amado, querido, desejado”.
Do total de 22.440 votos válidos, Sawidi recebeu 44,3% dos votos. Em segundo lugar ficou Piatã (pedra dura) (30,1%), e, em terceiro, ficou Ipy (braço) (25,6%).
Os dois gorilinhas são filhos do gorila Leon, mas de mães diferentes: a gorila Lou Lou e Imbi, cuja escolha do nome do filho deve ser adiada.
A Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte ainda não se manifestou sobre a iniciativa do MP. A reportagem do UOL não localizou representante do Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural, ong (organização não-governamental), que fez o pedido ao MP, para comentar o caso.
Ícone histórico de racismo
Em nota, o MP informou que a representação apresentada pela ong diz ser “inaceitável a postura da Fundação Zoobotânica no sentido de vincular um ícone histórico de racismo –o macaco– a nomes de origem africana, com o intuito, segundo a Fundação Zoobotânica, de fazer homenagem à origem africana do animal, sem levar em consideração a magnitude dos danos aos grupos étnicos-raciais diretamente atingidos”.
Ainda na solicitação ao MP, o instituto diz que “muito embora bem intencionada, a votação pode atuar em sentido contrário ao pretendido: ao invés de prestar uma homenagem ao continente africano, contribuirá, por certo, para a perpetuação de uma opressão sistêmica e estrutural ao povo negro”.
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