Entenda por que faltou luz em Estados e no DF; especialistas explicam
O corte de energia elétrica que afetou na tarde desta segunda-feira (19) Estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste foi uma medida emergencial para evitar um apagão generalizado, segundo especialistas ouvidos pelo UOL.
Em nota à imprensa, o ONS informou que "mesmo com folga de geração no Sistema Interligado Nacional (SIN), restrições na transferência de energia das Regiões Norte e Nordeste para o Sudeste, aliadas à elevação da demanda no horário de pico, provocaram a redução na frequência elétrica".
O apagão afetou os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal. Internautas também relataram falta de energia em Rondônia e em Alagoas.
Na opinião de Célio Bermann, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo), a medida foi uma tentativa de evitar que todo o sistema elétrico entrasse em colapso por conta da "incapacidade de oferta de energia para atender a demanda".
"O sistema elétrico brasileiro, que é interligado, chegou ao limite da sua capacidade de produção de energia para satisfazer a demanda. O que o ONS fez foi antecipar aquilo que nós vimos em 2001, na época do apagão", afirma.
Há 14 anos o baixo nível dos reservatórios das hidroelétricas, causado pela falta de chuva, obrigou o governo a estabelecer o racionamento de energia para evitar apagões.
Edmilson Moutinho dos Santos, também do Instituto de Energia e Ambiente da USP, diz que a falta de chuva aliada ao calor excessivo, que leva as pessoas a usarem mais ventilador e ar-condicionado, deve ter sobrecarregado o sistema.
Santos compara a situação a uma casa que está com vários equipamentos elétricos ligados ao mesmo tempo, como ar-condicionado, máquina de lavar roupa, chuveiro elétrico etc. Quando isso acontece, é grande o risco de o disjuntor desarmar, deixando a residência temporariamente sem energia.
"Para não desarmar o sistema e evitar um apagão, o orgão preferiu controlar esse processo e pedir para que concessionárias desligassem de forma organizada", diz Santos.
Luz vermelha
Para Bermann, a decisão do ONS "é um indicador de que não é mais a luz amarela, mas a luz vermelha que está acesa. Indica que temos problemas seriíssimos na segurança energética do país".
Bermann se disse surpreso com a medida tomada pelo operador. A mesma reação teve Santos, que não esperava que se chegasse ao ponto de reduzir a carga de energia no país. "Não deixa de ser uma forma de racionamento", afirma.
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