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Ato contra tarifas termina pacífico em SP; dispersão tem bombas em estação

Márcio Neves e Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

20/01/2015 17h36Atualizada em 20/01/2015 23h00

Terminou sem confrontos nesta terça-feira (20) o terceiro protesto de 2015 contra o aumento das tarifas de transporte em São Paulo. Realizado na zona leste da cidade, foi o primeiro ato fora da região central. 

Depois do protesto, no entanto, na dispersão dos manifestantes, houve confusão na estação Belém do metrô. De acordo com a PM (Polícia Militar), um grupo tentou pular as catracas e outro, que teria 15 pessoas, tentou bloquear a avenida Radial Leste. A estação foi depredada e pichada.

A Tropa de Choque da PM entrou em ação para dispersar o grupo que fazia a tentativa de interromper a via. Os policiais chegaram a fechar a estação, usaram bombas de gás para afastar os manifestantes e liberaram a Radial. Sete pessoas foram detidas e levadas ao 8º DP (Distrito Policial). Até 22h40, não havia sido registrado boletim de ocorrência ou termo circunstanciado. 

Os preços das passagens de ônibus, metrô e trem subiram de R$ 3 para R$ 3,50 no começo de janeiro. As duas primeiras manifestações do ano terminaram com feridos, detidos, depredações e com a PM usando bombas de gás. No dia 9, 51 pessoas foram detidas. Na última sexta-feira (16), também houve violência.

Ato pacífico

A PM estimou em 500 o número de manifestantes que participaram do protesto de hoje. O MPL (Movimento Passe Livre), que convocou a manifestação, calculou que 5.000 pessoas estiveram na marcha pela zona leste da cidade.

O ato começou no fim da tarde no Tatuapé, bairro de classe média. Os manifestantes se concentraram na praça Silvio Romero, caminharam pelas ruas do bairro e entraram na pista sentido Centro da Radial Leste, principal via de ligação da região central com a zona leste. A marcha ocupou todas as faixas da pista, bloqueando o trânsito rumo ao Centro, e avançou até a altura do terminal de ônibus da estação Belém do metrô.

Nas proximidades das estações Tatuapé e Belém, passageiros de ônibus e usuários de trem e metrô manifestaram apoio ao protesto. A marcha entrou pelo bairro do Belém, através da rua Silva Jardim, subiu o viaduto Guadalajara e terminou por volta de 21h no largo São José do Belém.

A PM procurou impedir que os manifestantes caminhassem no sentido bairro da Radial Leste, que fica congestionado no fim da tarde e no começo da noite.

“Manifestação, tudo bem. Caos urbano, não. Precisamos garantir o direito de ir e vir”, afirmou o capitão Ubirajara Storal, da PM. O efetivo deslocado para conter o protesto é de 450 policiais militares.

Mais do que em outros atos, representantes do MPL e da Polícia Militar procuraram conversar durante a marcha, principalmente sobre o trajeto, e chegaram a brincar sobre as divergências em torno do números de presentes.

Durante a manifestação, integrantes do movimento também procuraram convencer "black blocs" a não praticar atos de vandalismo

Novidade

O protesto chamou a atenção no Tatuapé. Moradores deixaram a piscina de um condomínio para observar a passagem dos manifestantes. Nos prédios, eram exibidos cartazes de apoio ao ato.

O vendedor Denis Maciel de Paula, morador do bairro, afirmou que é importante o protesto sair do Centro para o movimento conquistar novos adeptos.

Comerciantes decidiram fechar as portas dos estabelecimentos. "A gente já vai baixando as portas. Até acho as passagens caras, mas vai que um vândalo atira uma pedra. É melhor prevenir", afirmou Serra Matias, gerente de uma padaria.

No trajeto pelo Tatuapé, os manifestantes pararam em frente à sede do Sindicato dos Metroviários, na rua Serra de Japi, e pediram a revisão da demissão de funcionários do Metrô dispensados durante a greve da categoria realizada em junho de 2014.

O próximo ato contra as tarifas está marcado para as 17h de sexta-feira (23), com concentração na praça Ramos, em frente ao Theatro Municipal, no Centro.

Se você tem informações sobre o protesto desta terça-feira, envie o seu relato para o UOL em texto, foto ou vídeo via Whatsapp (11) 97500-1925. (Com informações do Estadão Conteúdo).