No PI, agricultura familiar sobrevive graças a 'barragens subterrâneas'
O agricultor José Teixeira Gomes, 62, morador de Jaicós (a 379 km de Teresina), ganhou há cerca de um ano um aliado na batalha para conseguir água para a agricultura. Uma barragem feita embaixo do solo ajuda a reter a água da chuva, possibilitando o cultivo.
A reportagem do UOL percorreu mais de mil quilômetros entre os Estados do Ceará, do Piauí e de Pernambuco em busca de exemplos de como é possível driblar a escassez de água. As experiências podem servir de lição para a região Sudeste, que enfrenta uma grave crise de falta de água desde o começo de 2014.
Barragem é uma construção feita em rios para juntar água, acima do nível do chão. A de seu Gomes, no entanto, fica embaixo da terra e tem um propósito diferente.
Chamada de 'barragem subterrânea', ela consiste numa barreira de lona plástica colocada sob o solo em uma área baixa, que acumula água no período de chuva. A ideia é impedir que essa água escorra, com isso, ela consegue encharcar o terreno.
Essa tecnologia também inclui uma espécie de muro baixo de cimento, ao lado da barreira, por onde o excesso de água escoa, evitando assim que a área fique inundada.
"A barragem subterrânea é feita não para acúmulo de água, e sim para que a água [da chuva] possa bater no sangradouro e infiltrar. É como se fosse um lençol freático", explica Antônio Walisson de Souza, da Cáritas Piauí, entidade que ajuda os agricultores na construção dessas barragens.
Com a terra molhada, seu Gomes pode cultivar frutas e verduras. "Toda vida eu plantei meus pedaços de roça só na época do inverno [quando chove]. Na época do verão, não plantava nada por falta de água", lembra.
Quando o período chuvoso termina, ele consegue irrigar as plantas com a água que acumula em um poço erguido perto das barreiras, previsto no projeto da barragem. A água entra no tanque por meio de pequenas fendas.
O custo da "barragem subterrânea" é de cerca de R$ 5.000 e demora quatro dias para ser construída. Existem cerca de 2.240 unidades no semiárido nordestino, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
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