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Após ameaça de traficantes, totens antiviolência são desligados no Alemão

A primeira-dama do Rio, Maria Lúcia, inaugura o programa Via Lilás com a diretora-executiva do Banco Mundial, Sri Mulyani Indrawati (à esq.) - Salvador Scofano/Divulgação
A primeira-dama do Rio, Maria Lúcia, inaugura o programa Via Lilás com a diretora-executiva do Banco Mundial, Sri Mulyani Indrawati (à esq.) Imagem: Salvador Scofano/Divulgação

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

09/04/2015 06h00Atualizada em 09/04/2015 11h55

Três totens instalados pelo governo do Estado do Rio de Janeiro no Complexo de Alemão, na zona norte da capital fluminense, no começo de março, foram desligados depois de ameaças de traficantes. Os equipamentos fazem parte do projeto Via Lilás, que busca reunir informações e oferecer ajuda a mulheres vítimas de violência.

Segundo a subscretária de Políticas para as Mulheres, Marisa Chaves, agentes ligadas à secretaria que orientavam os moradores sobre o uso do equipamento, em que mulheres podem relatar anonimamente casos de abuso e obter informações sobre locais próximos para buscar ajuda, receberam avisos supostamente enviados por traficantes que atuam no complexo de que os totens seriam quebrados caso continuassem em funcionamento.

“Fomos avisados pelas agentes e pela coordenação da SuperVia no local. Acharam que os totens estavam sendo usados para fazer denúncias contra os criminosos", afirma Marisa, durante a primeira audiência da CPI da Violência Contra a Mulher da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), na quarta-feira (8). "Por medida de segurança, preferimos desligar os aparelhos até entendermos melhor a situação.”

Os totens foram desligados no dia 1º. Marisa informou que a subsecretaria entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança para relatar o caso, mas ainda não obteve resposta. A reportagem do UOL procurou a secretaria, que preferiu não comentar o assunto.

Na noite de quarta, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado Assistência Social e Direitos Humanos, à qual pertence a subsecretaria chefiada por Marisa Chaves, informou que os equipamentos seriam religados nesta quinta-feira (9). Questionada pela reportagem, a assessoria desconhecia o relato da subsecretária e informou que os totens se encontravam "em manutenção".

Na semana passada, quatro pessoas morreram no conjunto de favelas do Alemão, na zona norte do Rio, em menos de 24 horas, incluindo o menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10, morto com um tiro de fuzil durante uma operação do Batalhão de Choque

Ao todo, já foram instalados 20 dos 93 totens interativos previstos pelo projeto. Dezoito ao longo das estações de trem da SuperVia e nas estações do teleférico do Alemão Morro do Adeus, Palmeira e Bonsucesso, um no saguão do Tribunal de Justiça e um na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Procurada, a SuperVia informou que os totens são de responsabilidade da Secretaria de Políticas para as Mulheres.