Pernambuco tem primeiro dessalinizador solar coletivo da América Latina

Situado na região agreste central de Pernambuco, Riacho das Almas (a 137 km do Recife), cidade de cerca 20 mil habitantes, sofre com a estiagem mais longa dos últimos 50 anos no Nordeste. No sítio Camurim, onde residem 60 famílias, a comunidade recebeu o primeiro dessalinizador de água movido a energia solar da América Latina.

Com mananciais secos, antes da instalação do equipamento, a comunidade tinha apenas água fornecida por meio de carros-pipa ou por sistema armazenamento de água da chuva em cisternas.

O dessalinizador entrou em funcionamento no último dia 11. O equipamento custou R$ 78 mil, mas com o processo de instalação saiu por R$ 118 mil.

O equipamento transforma água salgada captada de um poço profundo em água potável. O dessalinizador possui placas que captam energia solar para alimentar o seu funcionamento.

“O sistema de dessalinização não utiliza energia elétrica. Dessa forma, economizamos com custos de manutenção, além de fazer um sistema totalmente sustentável, que pode ser copiado tanto em outras comunidades rurais de nosso município quanto em outras cidades com realidade parecida”, disse o secretário de Agricultura do município, Naelson Beserra.

O equipamento produz 600 litros de água por hora. Para não haver desperdício, são distribuídas fichas para controle do consumo.

Por causa da escassez, a comunidade é orientada a usar apenas para beber e cozinhar. Os demais afazeres domésticos devem utilizam água bruta, que sobra do sistema de captação, e ainda dos carros-pipa que continuam abastecendo o sítio.

O sistema possui dois reservatórios de 5.000 litros de capacidade de armazenamento cada um. Um reservatório armazena a água recém-captada e o outro estoca o produto devidamente tratado e pronto para o consumo. A água é distribuída por meio de uma espécie de bica.

A Sdec (Secretaria Executiva de Recursos Hídricos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco) informou que os equipamentos representam um ganho social com o abastecimento regular de água e traz um impacto econômico positivo, por meio da redução do uso de carros-pipa pelas comunidades.

Além disso, informou a secretaria, há uma melhoria da saúde pela ingestão de água de boa procedência.

O Estado informou que existem outros 200 dessalinizadores instalados no Estado pela Sdec, porém todos movidos a energia elétrica. Eles estão distribuídos no agreste e no sertão pernambucanos.