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Áreas irrigadas criam oásis no sertão e garantem lucro durante seca no Nordeste

Carlos Madeiro

Do UOL, em Petrolândia (PE)

22/05/2012 06h01

A falta de chuvas não é motivo de tragédia para todos os sertanejos do Nordeste. Apesar da severa estiagem, muitos agricultores conseguem plantar e colher devido a projetos de irrigação. O UOL visitou três deles, que ficam a mais de 8 km do São Francisco, mas mesmo assim recebem água do rio.

Em Petrolândia (PE), onde centenas de agricultores receberam lotes irrigados da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) como indenização pelo alagamento da cidade para a construção da hidrelétrica Luiz Gonzaga, em 1988, o forte da produção é a fruticultura. Em pequenos lotes, agricultores levam adiante o projeto Apolônio Sales.

“Aqui a gente planta banana, coco, laranja –tudo o que você imaginar e que tinha tudo para não dar certo no sertão. Plantamos e vendemos para outros Estados. Isso é o milagre da água, que aqui temos. Quem não tem água, está sofrendo e perdendo tudo”, diz o agricultor Milton José do Nascimento, 72, que é dono de uma pequena propriedade de 8,5 hectares.

Segundo Nascimento, antes dos lotes irrigados, Petrolândia vivia como qualquer outra cidade do sertão, onde poucas culturas –a exemplo do milho e do feijão-- podiam dar certo. “Se não tivéssemos essa água, estaríamos perdidos.”

Apesar da irrigação, o produtor explica que a falta de chuva prejudica o crescimento de algumas frutas. “Quem mais sofre é o coco, que precisa da água para ficar perfeitinho. Sem a chuva, ele fica bicudo, feio”, diz. Boa parte de sua produção vai para São Paulo.

Exemplos em Sergipe

Nas terras do projeto Califórnia, em Canindé do São Francisco (SE), frutas também não faltam. “Aqui a gente planta de tudo um pouco. Só falta água quando dá problema na bomba. Com água, não há como não dar certo, é só colher depois”, afirma o agricultor Domingos Rito Filho, 33, que colhia laranjas no momento da visita da reportagem.

Na cidade vizinha, em Poço Redondo –a mais castigada pela seca em Sergipe--, o projeto Jacaré-Curituba também recebe a água do rio São Francisco para irrigar 700 lotes de assentados na zona rural do município.

No local, cada agricultor tem direito a uma área de 70 tarefas [cada tarefa equivale a 3.052 m²] e planta um pouco de tudo. “Aqui tenho quiabo, feijão e milho e, com água, é só plantar e esperar, que não tem como dar errado. Aqui só não dá o que não planta”, afirma o assentado José Gomes de Souza, 40.

Também em Poço Redondo, outro exemplo é a cisterna-calçadão, capaz de armazenar 52 mil litros, além de um tanque e da cisterna para abastecimento humano, com capacidade para 16 mil litros. “A gente utiliza essa cisterna para garantir a plantação de verduras do viveiro de mudas. E dá certo. Esse ano não chegou a encher, mas ainda estou com água da chuva de novembro. É com ela que nós estamos cuidando de tudo aqui”, conta o agricultor Everaldo dos Santos Nazaré, 54.

Mapa mostra as cidades visitadas pelo UOL em quatro Estados

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