Surpresos, pai e vítima da Kiss dizem que "esperavam mais" da Justiça
A condenação nesta quarta-feira (3) de dois dos oito réus no processo militar do incêndio da boate Kiss pegou de surpresa quem sofre de perto com a tragédia. A sensação entre alguns familiares e vítimas é que o resultado é "ínfimo" comparado ao tamanho do desastre.
Hoje o tenente-coronel da reserva Moisés Fuchs e o capitão Alex da Rocha Camillo foram condenados à prisão por inserção de declaração falsa. Ambos foram responsabilizados pela assinatura e emissão do segundo alvará que autorizou a Kiss a continuar funcionando.
"Essa investigação foi muito superficial. Foi surpresa para mim, como pai, ver essa decisão", comenta o ex-presidente da AVTSM (Associação dos Pais e Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Adherbal Alves Ferreira. Pai de Jennefer Ferreira, 22, morta na tragédia, ele lamenta que apenas o período anterior ao incêndio tenha sido tratado, e não a questão do socorro à vítimas.
Segundo ele, houve muitas falhas na noite da tragédia por parte dos bombeiros socorristas. "Nada disso foi tocado. A impressão que tenho é que esse processo foi uma maquiagem. O despreparo dos bombeiros é muito grande, e isso ocorre por responsabilidade dos oficiais."
Os outros bombeiros - os soldados Gilson Martins Dias, Marcos Vinícius Lopes Bastide e Vagner Guimarães Coelho, o sargento Renan Severo Berleze, e o tenente da reserva Sérgio Roberto Oliveira de Andrades, foram absolvidos a pedido do MP.
Em pleno tratamento, e sem previsão de alta da fisioterapia respiratória e motora, a estudante Gabriele Stringari, 22, também se mostrou surpresa com a decisão. A estudante de terapia ocupacional passou 53 dias internada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre tratando as queimaduras nas vias aéreas e em ambos os braços. "Eu esperava o que todos querem, Justiça. A gente esperava mais", comentou. Gabriele é uma das vitimas da boate Kiss, cujo incêndio, em 23 de janeiro de 2013, matou 242 pessoas e deixou outras 630 gravemente feridas.
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