Topo

Cadeias na Bahia estão infestadas por ratos, e presos até capturam cobra

Uma cobra foi encontrada por presos dentro de uma das celas da penitenciária Lemos Brito, na Bahia - Sinspeb (Sindicato dos Servidores Penitenciários da Bahia)
Uma cobra foi encontrada por presos dentro de uma das celas da penitenciária Lemos Brito, na Bahia Imagem: Sinspeb (Sindicato dos Servidores Penitenciários da Bahia)

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

17/06/2015 16h21

Ratos, cobras e pombos infestaram as instalações da Cadeia Pública de Salvador, da penitenciária Lemos Brito e da UED (Unidade Especial Disciplinar), localizadas no bairro da Mata Escura, no Complexo Penitenciário da Bahia. Segundo denúncia do Sinspeb (Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia), o ambiente das unidades prisionais é insalubre e põe em risco a saúde de presos e agentes penitenciários.

Imagens divulgadas pelo sindicato mostram ratazanas circulando pela área externa da Cadeia Pública de Salvador durante o dia. O lixo espalhado pelo local acaba atraindo os animais. Há relatos também da presença desses bichos dentro das celas e dos alojamentos.

O mesmo ocorre nas instalações da Lemos Brito e da UED. Na semana passada, uma cobra foi encontrada por presos dentro de uma das celas da Lemos Brito. Os próprios detentos capturaram a cobra e posaram para fotos exibindo o animal. As imagens foram feitas por agentes penitenciários.

“O mato e o lixo contribuem para infestação dessas pragas. No ano passado, solicitamos a inspeção da Vigilância Sanitária para detectar a população de ratos e outros animais dentro do ambiente de trabalho e até agora nada foi feito”, disse o coordenador de organizações e finanças do Sinspeb, Anderson Albuquerque.

Segundo Albuquerque, já foram feitas dedetizações em 2013, mas pouco tempo depois os ratos voltam a infestar os presídios. “Não adianta só colocar veneno, tem de haver limpeza do ambiente para que não atraia esses animais”, explicou Albuquerque, reclamando que as lixeiras não possuem tampas e, no período da noite, “há verdadeiros ringues, com brigas de ratos dentro”.

A UED não possui alojamento com camas para descanso dos agentes penitenciários, mesmo havendo plantão de 24 horas. Segundo o sindicato, os servidores são obrigados a dormir no chão durante o descanso. “Agentes já levaram mordidas de ratos enquanto dormiam no chão. Como não há alojamentos apropriados, os agentes lotados na UED não poderiam estar cumprindo plantão de 24 horas, mas só de 12 horas”, defende o sindicalista.

Superlotação e defeitos

Relatório do Sinspeb de 2014 mostra graves problemas estruturais na penitenciária Lemos Brito e na UED. A maioria das portas está com defeito para abrir e fechar. A iluminação é precária na parte interna das galerias, o que dificulta a captação das imagens. O quadro de monitoramento é obsoleto e as câmeras externas estão com defeito. Os muros das unidades são baixos, facilitando o arremesso de objetos ilícitos para dentro das unidades. Uma cena assim foi inclusive gravada pelas câmeras do sistema de segurança da penitenciária.

Outro vídeo feito por agentes penitenciários mostra a dificuldade de fechar as portas das celas. Para isso, eles contam com ajuda dos presos e com um pedaço de madeira.

De acordo com dados do Sinspeb, a Cadeia Pública de Salvador possui 465 presos enquanto sua capacidade é para 428 internos. Já a Brito Lemos, com espaço para 1.336, tem 312 presos a mais. A UED tem 292 internos e está funcionando dentro de sua capacidade.

A Seap (Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização) informou, nesta quarta-feira (17), que os diretores das unidades prisionais se reuniram nesta semana para discutir o assunto, mas ainda não encontraram solução para combater as pragas nos presídios. A secretaria não comentou os demais assuntos.