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Familiares impedem saída de PMs de quartéis no RS por atraso de salários

Mulheres e familiares cercam tropa em frente à quartel em Canoas (RS) - Divulgação
Mulheres e familiares cercam tropa em frente à quartel em Canoas (RS) Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

01/09/2015 18h25

Familiares obstruíram a saída de policiais militares em cerca de 30 quartéis da Brigada Militar no Rio Grande do Sul nesta terça-feira (1°). O objetivo era impedir que maridos, filhos e pais sejam obrigados a trabalhar, mesmo não recebendo o salário de agosto. Como não podem realizar greve - como prevê o estatuto da corporação -, e estão sujeitos a prisão, alguns servidores da BM foram trabalhar a pé.

Nesta manhã, por exemplo, militares do 15º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em Canoas, na Grande Porto Alegre, foram obrigados a arrombar um portão do quartel e seguir a pé por uma trilha no mato, até serem pegos por um micro-ônibus. Seus familiares ficaram durante a madrugada e a manhã em frente ao batalhão impedindo a saída de viaturas. Eles deveriam prestar apoio ao policiamento no Parque Assis Brasil, onde acontece, deste o fim de semana, a Expointer, feira internacional de agricultura e pecuária, na cidade vizinha de Esteio.

Movimentos semelhantes ocorrem em cidades do interior gaúcho. Em Santa Maria, na região central, um grupo impediu os trabalhos administrativos e de prevenção de incêndio do Corpo de Bombeiros. Apenas emergências são atendidas. Em Bagé e Uruguaiana, na fronteira oeste, viaturas também são impedidas de auxiliarem no policiamento.

Canoas PM - Divulgação - Divulgação
Impedidos de sair com viaturas, policiais militares seguiram para o trabalho a pé em Canoas
Imagem: Divulgação

Segundo um soldado de Porto Alegre, que deu entrevista mediante o compromisso de não ter sua identidade revelada pela reportagem, existe ameaças e o risco de represálias por parte dos superiores, caso algum militar de patente inferior não cumpra as ordens. “O comando está ameaçando os soldados que se recusarem a romper a barreira humana das esposas de que serão transferidos, não irão participar da Operação Golfinho, ou até mesmo responder administrativamente.”

A Operação Golfinho acontece todo ano no verão, quando o litoral norte recebe um maior efetivo vindo de todas as regiões do Estado para o policiamento durante a alta temporada. O trabalho é pago por diárias, que rendem um salário a mais aos soldados destacados para o serviço.

Profissionais devem usar carros particulares

Conforme o mesmo soldado, oficiais do comando do policiamento de Porto Alegre instruíram seus subordinados a irem nesta quarta-feira trabalhar com seus carros particulares. “O comando determinou pra irmos trabalhar no evento futebol amanhã com nossos carros particulares visto que as viaturas estão bloqueadas dentro do quartel”, afirmou. Nesta quarta ocorre a partida Inter x Vasco, pelo Campeonato Brasileiro.

“Todos os praças estão se recusando a ir para o jogo nessas condições. É humilhante”, desabafa.

Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta manhã, o comandante-geral da Brigada Militar afirmou que não há aquartelamento e descartou a necessidade de pedir auxílio à Força Nacional de Segurança. De acordo com o  coronel Alfeu Freitas, 90% do efetivo está trabalhando nesta terça-feira. “Os outros 10% da corporação enfrenta dificuldades em deixar os batalhões em função de manifestações dos piquetes, mas a situação deve ser normalizada ao longo do dia.”