Vídeo de PMs forjando cena de crime afeta confiança em UPPs, diz porta-voz

O porta-voz das UPPs (unidades de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro, major Ivan Blaz, classificou como "chocantes" e "lamentáveis" as imagens de policiais militares forjando um tiroteio no Morro da Providência, no centro da capital fluminense, na manhã desta terça-feira (29). Segundo o oficial, "o vídeo mostra uma manipulação flagrante que atinge duramente a confiabilidade estabelecido ao implantação da UPP Providência". A unidade foi inaugurada em abril de 2010.

Para o major, no entanto, "os ganhos estabelecidos pelas UPPs não podem ser perdidas por casos lamentáveis como esse". O major afirmou que os policiais envolvidos na ação "muito provavelmente" serão expulsos da PM.

No vídeo, filmado por moradores, um PM da UPP local, acompanhado de três colegas fardados, coloca uma pistola na mão de um jovem estirado no chão depois de ser morto durante uma operação na favela, e dispara dois tiros em sequência.

De acordo com o major, por volta das 9h, houve um confronto entre policiais militares e traficantes que atuam na favela. Segundo ele, Eduardo Felipe dos Santos Victor, 17, morreu "em decorrência de intervenção policial".

Blaz chamou o episódio de "desvio de conduta" e afirmou que ele "tem um impacto muito grande em todos aqueles que confiam no projeto [de pacificação]".

As imagens foram entregues ao comandante da UPP da Providência, o major Roberto Valente, na tarde desta terça pela associação de moradores local.

Protesto

Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento na 4ª DP (Praça da República), no centro da cidade, nas proximidades da Providência. Moradores da comunidade realizaram um protesto em frente à unidade, com gritos de "assassinos" e "fora UPP". O local foi cercado por policiais militares do Batalhão de Choque.

No momento do confronto, os 5 PMs saíam da 4ª DP com destino à DH (Divisão de Homicídios) da Polícia Civil, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.

Segundo o delegado André Leiras, da DH, dois policiais serão presos em flagrante ainda esta noite por fraude processual. "Já é possível identificar que eles cometeram esse crime pelo vídeo", afirmou. Os outros três que participaram da ação serão alvo de inquérito para que "a conduta individualizada de cada um" seja apurada.

Segundo Blaz, eles serão encaminhados para a 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar assim que forem ouvidos na delegacia.

Na 4ª DP, uma assessora de imprensa da Polícia Civil se recusou a informar a quantidade de policiais que está na delegacia, limitando-se a informar que a ocorrência se encontra "em andamento".