Manifestação de mulheres na Barra Funda cobra Metrô sobre casos de assédio
Militantes e simpatizantes do movimento Chega de Assédio fazem no início da noite desta segunda-feira (5) uma manifestação na estação Barra Funda do metrô contra o assédio sexual no transporte público. As manifestantes distribuem apitos e seguram cartazes com frases como “O metrô é público, meu corpo não!”.
Este é o segundo ato organizado pelo grupo. Em abril, um protesto na estação República cobrava o posicionamento do Metrô sobre o estupro de uma funcionária. Desta vez, a manifestação busca visibilidade para novos casos.
“Escolhemos a Barra Funda, pois se trata de uma estação de visibilidade não apenas com relação ao fluxo de pessoas, mas também por ser uma das paradas com maior número de casos de assédio registrados. É um dos pontos da linha [vermelha] em que foi relatada uma ameaça de estupro coletivo no último dia 28 de agosto”, explica Carol O., 28 anos, militante do movimento.
Entre as manifestantes, há muitas histórias de assédio para contar. A diretora de operações Cintia Ferreira, 29, lembra diversos tipos de assédio sofrido por ela no transporte público desde a adolescência. De olhares incisivos a apalpadas dentro de vagões do metrô.
“Depois que um homem passou a mão na minha bunda descaradamente, quando eu tinha 20 anos, passei a andar com compasso no bolso. Se alguém viesse pra cima de mim, eu cutucava a pessoa como se usasse um alfinete. Era a única forma que eu tinha para me defender naquele momento”, explica.
Registro de casos
Após a primeira manifestação, a enfermeira Karen Izitocadi, 38, diz que as integrantes do movimento foram chamadas para uma reunião com o Metrô. “Alguns resultados, nós percebemos... O aumento no número de denúncias, a maior veiculação de avisos com a temática contra o assédio. Mas o que a gente quer, primeiro, é que eles não abafem casos como o do dia 28 de agosto, em que o metrô alega que nada aconteceu. Queremos mostrar para a companhia, mais uma vez, que não vamos parar de nos manifestar enquanto eles não pararem de calar as vítimas e abafar os números”, diz.
Em nota, o metrô alega que, desde o ano passado, vem realizando campanhas de conscientização e cidadania, como também o treinamento de funcionários operacionais, para que estejam preparados para coibir os crimes de abuso sexual e amparar as vítimas. “Desde então os esforços foram intensificados com o uso de cartazes, distribuição de panfletos nos horários de pico, publicações nos perfis oficiais e veiculação de mensagens nos monitores dos trens”.
Ainda de acordo com a Companhia, a cada 10 denúncias, oito abusadores são detidos pelos agentes de segurança do Metrô e encaminhados para a Delpom (Delegacia do Metropolitano).
Ajuda tecnológica que partiu de um cidadão comum
Desenvolvido por um jovem de 26 anos, o aplicativo HelpMe (disponível para iPhone e Android) possibilita que usuárias do Metrô e da CPTM consigam comunicar a ocorrência de abusos com apenas um clique. O serviço de SMS para informar este tipo de acontecimento é uma ação das próprias companhias, mas o aplicativo torna mais ágil o envio da mensagem e o encaminhamento da atenção para o ocorrido.
Entre as opções facilitadoras, estão o envio de SMS automático em menos de dez segundos, mensagens detalhadas com número do vagão, o soar de sirenes para chamar a atenção das pessoas presentes e uma configuração que aciona a mesma sirene automaticamente assim que uma mensagem é enviada a uma das duas companhias.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.