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Com porto de Barcarena interditado, 51 mil bois aguardam exportação no Pará

O návio Haidar adernou no porto de Vila do Conde (PA) com cerca de 5 mil bois vivos no início de outubro - Sidney Oliveira/Agência Pará
O návio Haidar adernou no porto de Vila do Conde (PA) com cerca de 5 mil bois vivos no início de outubro Imagem: Sidney Oliveira/Agência Pará

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

26/11/2015 20h38

Pecuaristas do Pará estão com 51 mil bois vivos “presos” no Brasil prontos para exportação para a Venezuela e para o Líbano, mas não podem embarcar os animais porque o porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, nordeste do Pará, continua interditado.

O embarque de cargas vivas no porto de Vila do Conde foi suspenso desde o dia 7 de outubro, após o naufrágio do cargueiro Haidar, de bandeira libanesa, que estava carregado com 5.000 cabeças de gado para o abate na Venezuela. O navio também estava carregando quase 700 toneladas de óleo diesel. Milhares de animais morreram afogados ao ficarem presos no navio e parte do óleo foi derramado no Rio Pará.

Passados 51 dias do acidente, cerca de 3.000 bois mortos continuam presos nos compartimentos da embarcação. Apenas a retirada do óleo que vazou do navio começou a ser feita.

Amanhã termina prazo para plano de emergência

Diante da situação, o berço 300 do porto foi interditado para embarque de cargas vivas no dia 7 de outubro. Nesta sexta-feira (27), encerra-se o prazo da Justiça para a CDP (Companhia de Docas do Pará) informar o plano de emergência para que o local volte a funcionar. Desde que o acidente ocorreu, a CDP não apresentou nenhuma proposta das ações emergenciais que devem ser adotadas em caso de acidentes.

O UOL entrou em contato com a CDP nesta quinta-feira (26), mas até a publicação deste texto ninguém se posicionou sobre o assunto.

O Pará é o maior exportador de boi vivo do Brasil. Segundo o governo do Estado, em 2014, foram exportados 547 mil bois em 1.200 operações de embarque. A produção do Pará abastece 75% do consumo total da Venezuela e 65% do Líbano. Além disso, 400 mil cabeças saem do Pará, todos os anos, para o Nordeste brasileiro.

Temendo prejuízos com a quebra de contratos das exportações que foram fechados antes do acidente, pecuaristas propuseram elaborar e apresentar um plano de emergência provisório para que o embarque de cargas vivas seja liberado parcialmente. O plano deverá ser apresentado nesta sexta-feira (27) para os órgãos ambientais analisarem a proposta para liberação do embarque de apenas animais que já estavam comercializados antes do naufrágio do navio.

“Não estamos liberando o porto em definitivo. Isso dependerá do cumprimento total das exigências feitas pelos órgãos ambientais. Trata-se de liberação provisória, emergencial, a ser consolidada até a semana que vem, para evitar novos danos econômicos e ambientais’’, disse o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Luiz Fernandes da Rocha.