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Estação da Luz tem obras emergenciais para tentar reabrir na segunda (28)

Guindastes são usados no início dos trabalhos emergenciais de recuperação da estação - Wellington Ramalhoso/UOL
Guindastes são usados no início dos trabalhos emergenciais de recuperação da estação Imagem: Wellington Ramalhoso/UOL

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

23/12/2015 17h09

Obras emergenciais foram iniciadas na estação da Luz, na região central de São Paulo, para que as plataformas de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) possam voltar a receber passageiros. Os reparos devem durar três dias. A liberação da circulação das composições, que pode ocorrer na segunda-feira (28), dependerá de uma avaliação do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) a ser realizada após a conclusão desses serviços de emergência.

Serão realizadas obras de escoramento da parede interna da área afetada pelo incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa, localizado no prédio da estação da Luz, na segunda (21). O serviço emergencial inclui a retirada de entulho e escombros deixados pelo fogo, como os restos do telhado.

A obra emergencial é realizada pela empresa Concrejato, que trabalhou na restauração do prédio na década passada. Segundo Luiz Bloch, da organização social IDBrasil Cultura, responsável pela administração do museu, o custo dos serviços emergenciais está sendo discutido com a empresa. 

O IPT realizou perícia no local na terça (22) e fez uma série de recomendações para que as plataformas possam ser usadas com segurança. De acordo com os técnicos do instituto, existe, no momento, o risco de que a estrutura caia sobre a plataforma. Daí a necessidade de reforçar a sustentação da parede.

Segundo a CPTM, os bombeiros e a secretaria estadual de Cultura, a estação só reabrirá na próxima segunda se as obras emergenciais garantirem a segurança dos usuários. O IPT reavaliará as condições da estação no final de semana.

“A CPTM está em condições de operar assim que o IPT falar que pode operar”, afirmou o diretor de engenharia da companhia, Carlos Roberto dos Santos.

A possível reabertura da estação ocorreria de forma parcial, sem a liberação da entrada principal, que fica em frente ao Parque da Luz, e da entrada da rua Mauá. Os usuários teriam de ingressar pela estação de metrô, que funciona normalmente, e utilizar a passagem subterrânea que leva à integração com a CPTM.

As linhas do Metrô operam apenas dentro da cidade de São Paulo; as da CPTM também atendem a região metropolitana. Enquanto a Luz permanece interditada, os usuários da CPTM são obrigados a fazer conexões nas estações Barra Funda e Brás.

Outras obras serão necessárias para que a estação da Luz seja aberta em sua totalidade. No momento, não há previsão de quando isto poderia acontecer.

Cerca de 400 mil passageiros circulam diariamente pela estação. A interrupção teve início na tarde de segunda (21). Após o incêndio, o prédio da estação da Luz foi interditado pela Defesa Civil do Município de São Paulo.

A Defesa Civil, responsável por verificar a existência de riscos oferecidos à população e liberar o uso da edificação, decidiu nesta quarta (23) que a estação ficaria interditada para passageiros e trens até que a CPTM realizasse as obras de readequação. 

Incêndio

O museu não estava aberto para visitas quando no dia em que o fogo consumiu as estruturas de parte do prédio histórico da estação da Luz. O bombeiro civil Ronaldo Pereira, 39, que trabalhava no local, morreu após parada cardiorespiratória devido à fumaça. O fogo não atingiu a plataforma de passageiros da Estação da Luz - que, contudo, está fechada para avaliação de possíveis riscos para os passageiros.

Segundo a defesa civil municipal, o fogo pode ter começado durante a troca de uma luminária no primeiro andar do museu, alastrando-se rapidamente para os andares de cima. Parte do telhado de todo o prédio histórico, que abrange também a Estação da Luz, foi destruída.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a estrutura será reconstruída. O museu e todo o complexo da estação da Luz não tinham aval dos bombeiros para funcionar.

Patrimônio cultural e histórico

Inaugurado em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa é composto por três pavimentos dedicados à valorização e difusão do idioma (patrimônio imaterial). Reúne exposições sobre as origens, a história e as influências sofridas pela língua, bem como promove cursos, palestras e seminários sobre o tema.

O acervo digital das exposições permanentes e das temporárias está resguardado em cópias dos materiais armazenados em outros lugares.

Já o edifício da estação da Luz é um patrimônio histórico da cidade de São Paulo. Sua construção, que é do século 19, foi inspirada no Big Ben, famoso monumento da Inglaterra. Em 1946, um incêndio destruiu boa parte do prédio, que foi restaurado em 2006. O projeto de restauração custou R$ 37 milhões.