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Haitiano é agredido com garrafada em Foz do Iguaçu, e Dilma se solidariza

Do UOL, em São Paulo

16/05/2016 22h15

Em Foz do Iguaçu, no Paraná, um estudante haitiano foi agredido por golpes de garrafas quando passava em frente de um bar no último sábado (14). Segundo ele, durante a ação, os agressores teriam dito que ele estava no Brasil "por causa da Dilma". A presidente afastada se solidarizou com a vítima pelas redes sociais.

O grupo de agressores estava sentado num bar. Getho Mondesir, 33, estudante de administração pública e políticas públicas na Unila (Universidade Federal da Integração Latino-americana), passava pelo local por volta das 5h25. Ele queria chegar à rodoviária para pegar um ônibus com destino a Cascavel (PR), onde passaria o final de semana com o filho de oito meses.

Segundo seu relato, os agressores começaram a gritar "macaco" e diziam que o haitiano só estaria no Brasil por conta da presidente afastada Dilma Rousseff, mas que agora teria que voltar ao país de origem. Getho, que ainda fala pouco português, teria tentado conversar com os rapazes, mas as agressões com garrafas de cerveja começaram.

O estudante conseguiu escapar e foi reconhecido por um dos taxistas do ponto de táxi. Foi ele quem prestou os primeiros socorros e chamou a polícia. O haitiano foi encaminhado para uma unidade de saúde.

Intolerância

A presidente afastada Dilma Rousseff comentou o caso nas redes sociais. Segundo ela, Getho foi vítima "do racismo, da xenofobia e da intolerância política, que devemos combater diuturnamente". "Não podemos permitir que o Brasil se torne um país de ódio e intolerância. Espero que o caso seja investigado e os culpados punidos", afirmou.

Na publicação de solidariedade da presidente afastada, outros estrangeiros contaram casos de preconceito. "Eu sou haitiano e meus amigos sofremos nas mãos dos brasileiros", escreveu Vaudlair Dorcent. "Quando vejo essas coisas meu coração dói." 

"Agora um haitiano quando vai no Sine de Caxias do Sul (RS) para conseguir um emprego, todas as recepcionistas dizem que não tem vaga para estrangeiros", disse outro. 

Em nota divulgada nesta segunda (16), a Unila repudiou o ato de violência e informou que está apoiando o estudante com acompanhamento médico, psicológico e de assistência social.

"Um ato como este, que é um crime, sensibiliza toda a comunidade universitária, composta por estudantes da região, de diversos Estados e de outros 16 países da América Latina e Caribenha. A diversidade da Unila também está presente na origem de seus professores e técnico-administrativos em educação."

A reitoria da universidade afirmou ainda que um grupo formado pelas pró-reitorias de Assuntos Estudantis, de Relações Institucionais e Internacionais, de Graduação, de Extensão e pela Secretaria de Comunicação Social se reuniu nesta segunda para tratar o assunto e tomar as providências cabíveis, dando assistência aos estudantes haitianos.