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"Não sou uma má pessoa", diz agressor de ambulante morto no metrô de SP

Janaina Garcia

DO UOL, em São Paulo

28/12/2016 10h10Atualizada em 28/12/2016 14h57

O pedreiro Ricardo do Nascimento, 21, que aparece em imagens de vídeo agredindo um ambulante até a morte dentro de uma estação do metrô de São Paulo, disse nesta quarta-feira (28) que está "arrependido" e que não é "uma má pessoa" ao deixar a sede de DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Ele foi preso ontem à noite em Itupeva (interior paulista) por participar da agressão a Luiz Carlos Ruas, 54, na noite de domingo (25) na estação Pedro 2º do metrô, na região central da capital paulista.

Nascimento foi levado do DHPP para a Delpom (Delegacia de Polícia do Metrô), na Barra Funda, para reconhecimento pessoal por testemunhas. Ao menos 14 travestis e moradores de rua, segundo o DHPP, participarão da ação.

Indagado pelo UOL sobre o que diria à viúva de Ruas, o pedreiro respondeu: "Estou arrependido. Também não sou uma má pessoa. E o senhor [Ruas] que estava lá trabalhando também não era, era um cidadão de bem", disse a jornalistas.

Luiz Carlos Ruas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Luiz Carlos Ruas, ambulante que foi espancado até a morte após ajudar travestis
Imagem: Arquivo pessoal

Nascimento e o primo que também aparece nas imagens agredindo o ambulante, Alípio Rogerio dos Santos, 26, tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça ontem. Santos foi preso na zona leste nesta quarta e também levado ao Delpom, onde o inquérito foi instaurado.

Conforme a investigação, eles agrediram Ruas --vendedor de doces havia 20 anos-- porque ele teria tentando defender uma travesti, moradora de rua da região, das agressões dos dois jovens.

À polícia e aos jornalistas, hoje, Nascimento alegou ter ajudado o primo a se defender de uma garrafada que teria sido desferida por Ruas. "Ele [o ambulante] deu uma garrafada na cabeça do meu primo", disse o pedreiro na saída do DHPP.

De acordo com delegado Osvaldo Nico, a versão da garrafada "não convence". Ele informou que Nascimento foi preso em um barraco de um amigo em uma favela em Itupeva (73 km de São Paulo). O local foi cercado, e o pedreiro tentou se esconder atrás de um móvel, segundo o delegado.

"Ontem, um familiar do Ricardo chegou a debochar ao dizer que ele estava 'blindado, no ar-condicionado', 'tomando leite fresco' e que não chegaríamos até ele", comentou o delegado.

Sobre a suposta agressão de Ruas, Nico disse não haver como prová-la --mesmo porque, a polícia não tem imagens de câmeras de segurança do lado de fora da estação.

As imagens internas mostram Ruas apanhando dos dois rapazes com chutes e socos sem que ninguém intervenha. Em nota, ontem, o Metrô informou que não havia seguranças na estação no momento do crime, mas defendeu que a quantidade desses agentes nas estações atende à demanda.

Nascimento será levado ainda hoje ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros (zona oeste de SP).