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AM recaptura 63 fugitivos de presídios; 121 continuam foragidos

Do UOL em São Paulo

04/01/2017 08h05Atualizada em 04/01/2017 19h44

O governo do Amazonas e a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado informaram que 63 presos dos 184 que haviam fugido do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade) e do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) após a rebelião do início do ano foram recapturados até as 10h --hora local-- desta quarta-feira (4). Eles foram encaminhados novamente para as unidades. Outros 121 continuam foragidos.

Ao menos 60 presos morreram nos dois presídios: 56 no Compaj e quatro na UPP (Unidade Prisional do Puraquequara). Na terça-feira (3), o diretor do DPTC (Departamento de Polícia Técnico Científica) da Polícia Civil do Amazonas, Jeferson Mendes, afirmou, que, dos 60 corpos de detentos mortos na UPP e no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), 39 já foram identificados e 14 corpos foram liberados para as famílias.

Ainda segundo o diretor do DPTC, dos 39 identificados, 30 foram decapitados. Mendes afirmou que o IML está usando como método de identificação dos mortos a análise das arcadas dentárias e impressão digital, além de informações repassadas pelas famílias.

Sem armas de fogo

Até o momento, segundo a polícia, não há sinais de mortes por armas de fogo. "A causa mortis que encontramos aqui foram pessoas degoladas, corpos com diversas fraturas e dilacerações. Até o presente momento não encontramos sinais de armas de fogo. Apenas marcas de estoques e perfurações de aparelhos cortantes e contundentes", afirmou Mendes.

O chefe do DPTC afirmou a análise das arcadas dentárias e impressão digital foram escolhidos por serem mais céleres em relação a exames de DNA, embora, segundo ele, o Estado do Amazonas tenha estrutura que permite a identificação de todos os corpos por esta última opção.

"Este é um procedimento usado internacionalmente. Fazemos a identificação por meio de impressão digital e, não conseguindo, tentamos por meio da arcada dentária com informações cedidas pela Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Amazonas). A terceira tentativa é o exame de DNA, que é um exame que demanda um tempo e uma técnica mais apurada", disse.

Jeferson Mendes afirmou que a equipe do Instituto de Criminalística da Polícia Civil visitou o local do massacre de presos no Amazonas e está apurando informações mais precisas sobre as armas usadas para matar os detentos. Esse trabalho, segundo ele, facilitaria a conclusão da perícia nos corpos para apontar a causa da morte de cada um dos presos.

Mas, segundo Mendes, é um trabalho que demora ao menos 30 dias para ser concluído. "É um laudo de maior complexidade e vai demorar de 30 a 60 dias. Os peritos têm imagens que serão encaminhadas para as autoridades requisitantes", disse.

Até agora, 34 horas após o fim da rebelião, a Polícia Civil e o IML não divulgaram os nomes dos mortos e as famílias permanecem de vigília em frente ao prédio do instituto. De acordo com Mendes, a partir de hoje será montada uma estrutura para atendimento adequado dos familiares dos presos num prédio anexo ao IML com funcionários da Secretaria de Assistência Social e Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas.

"Vamos divulgar os nomes primeiro para as famílias, e depois os tornaremos públicos", justificou Mendes

A rebelião em Manaus durou cerca de 17 horas e começou na tarde de domingo (1º). A SSP do Amazonas atribuiu o que aconteceu a uma disputa entre as facções rivais FDN (Família do Norte) e PCC (Primeiro Comando da Capital), pelo controle do tráfico de drogas em Manaus.

Trata-se da maior matança registrada em presídios desde o massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, em São Paulo.

Manaus registra o maior massacre de presos desde o Carandiru