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Jovens podem ter sido torturados na Rocinha por causa de boné; Disque Denúncia divulga fotos

Informações sobre os suspeitos podem ser passadas por telefone (0/xx/21/2253-1177) ou pelo WhatsApp do Portal dos Procurados (0/xx/21/98849-6099) - Divulgação
Informações sobre os suspeitos podem ser passadas por telefone (0/xx/21/2253-1177) ou pelo WhatsApp do Portal dos Procurados (0/xx/21/98849-6099) Imagem: Divulgação

Do UOL, no Rio

03/10/2017 15h24

O serviço do Disque Denúncia divulgou nesta terça-feira (3) um cartaz com as fotos do grupo suspeito de torturar dois adolescentes de 16 anos na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, na última quarta-feira (27 de setembro). O órgão recebeu uma denúncia segundo a qual as agressões teriam sido motivadas pelo uso de um boné por uma das vítimas.

Segundo a informação obtida pelo Disque Denúncia, um dos adolescentes estaria usando um boné onde era possível ler a mensagem: "Jesus é dono desse lugar".

A frase teria sido interpretada pelos agressores, segundo a denúncia anônima, como uma mensagem de apoio ao criminoso apontado como chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157. Isso porque o chefe criminoso costumaria ostentar uma corrente de ouro com a mesma mensagem.

Os agressores seriam membros de uma quadrilha leal ao principal rival de Rogério 157, o criminoso Antônio Bonfim Lopes, o Nem. 

A Polícia Civil deve apurar agora se há, de fato, alguma ligação entre as agressões e o suposto boné.

A entidade também não esclareceu se há indícios que apontem que as vítimas estivessem ligadas a brigas de quadrilhas ou se teriam sido confundidas com rivais por seus agressores.

Nem cumpre pena na penitenciária federal de Porto Velho (RO). Mesmo detido, ele é apontado como o mandante de uma tentativa de invasão à comunidade, ocorrida em 17 de setembro, com objetivo de derrubar o rival e retomar o poder. A briga provocou intensos tiroteios, cenas de violência e levou à reação do Estado, que realizou, em 22 de setembro, um cerco militar com o apoio das Forças Armadas que durou uma semana.

Atualmente, a Polícia Militar do Rio emprega efetivo de 500 agentes a fim de garantir a segurança e a ordem na região.

Agressão

Segundo o Disque Denúncia, os seis suspeitos de torturar os dois rapazes são Carlos Augusto Rodrigues Barreto, o Cachorrão, 38; Neide Aparecida da Costa, 42; Vitor dos Santos Lima, o Playboy, 22; Washington de Jesus Andrade Paz, o W, 25; Lhoran de Andrade Lima, 19; e Jefferson Lopes Farias, 27.

Contra eles há mandados de prisão pelos crimes de tortura e associação para o tráfico de drogas.

O sétimo suspeito de participar do crime, também com mandado de prisão, já foi detido pela Polícia Civil. Carlos Alexandre Camelo da Silva, conhecido como CL 19, foi capturado no hospital municipal Miguel Couto, no Leblon, na zona sul carioca, onde recebeu atendimento depois de ser esfaqueado pelo pai de uma das vítimas.

Ainda de acordo com o Disque Denúncia, os dois jovens de 16 anos foram capturados quando estavam a caminho de um projeto social e levados para um beco. A sessão de tortura teria durado cerca de uma hora. Os traficantes utilizaram pedaços de pau para dar vários golpes nas vítimas, que também foram amarradas com fitas e mantidas em cárcere em uma casa.

No imóvel, os criminosos jogaram álcool no corpo dos reféns e só não atearam fogo porque militares chegaram ao local a tempo de evitar o pior. Quando observaram a movimentação das tropas, os criminosos fugiram. Os adolescentes foram levados para o hospital com vários ferimentos pelo corpo, mas sobreviveram e passam bem.

Todas as informações estão sendo encaminhadas para a 11ª DP (Rocinha) da Polícia Civil, responsável pela condução do inquérito.