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"A cidade está fora de controle", diz turista de SC sobre Carnaval no Rio

Arrastão Rio - Reprodução - Reprodução
Moradores flagram arrastão em bairro de Niterói (RJ)
Imagem: Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

14/02/2018 17h36Atualizada em 14/02/2018 18h12

Uma onda de violência marcou os quatro dias de Carnaval no Rio de Janeiro. Apesar do reforço anunciado no policiamento em todo o Estado, quem visitou a cidade num dos principais feriados do ano na cidade se mostrou surpreso com a violência.

É o caso da empresária Marcely Souza, 32, que está na capital fluminense desde a última quinta-feira (8), e teve o celular arrancado à força da mão quando estava na areia da praia.

“O que me impressionou é que o assaltante não correu. Simplesmente continuou andando”, relata. “Ontem, estava sentada em um restaurante com uma mesa na calçada e passou um homem que simplesmente avançou no meu prato e tirou parte da comida. É uma sensação de agressão diária. A cidade está fora de controle. Vejo muito adolescente em bando aterrorizando pedestres”, disse a turista de Santa Catarina.

Já a paulista Aline Diniz, 28, conta que foi roubada ao sair do apartamento alugado no bairro de Copacabana, na zona sul da cidade. “Eu estava com uma bolsinha de palha transpassada no pescoço. Ia colocar de baixo do braço, mas não deu tempo. Botei o pé para fora do portão e arrancaram a bolsa num puxão. Não fiquei nem cinco minutos na rua”, disse Aline, que volta para a capital paulista no sábado (17).

Questionadas sobre por que escolher o Rio para passar o Carnaval, as duas turistas disseram que não imaginavam que a cidade seria tão “agressiva”. “Não imaginei que seria tão problemático e agressivo. Pensei que devido a tantos problemas já registrados no dia a dia, o policiamento daria conta de tudo”, afirmou Marcely.

Durante o Carnaval, a cidade registrou assaltos, arrastões, mortes, saque a supermercado e furtos. A praia de Ipanema, na zona sul, registrou uma sequência de três arrastões durante a madrugada e a manhã desta terça-feira. A repercussão dos casos de violência fez com que a Polícia Militar reformulasse o esquema de segurança para a cidade. O policiamento mais ostensivo, entretanto, só ocorreu na terça-feira (14) quando se pôde observar a presença reforçada da polícia pelo menos na orla.

“O policiamento foi reformulado seguindo as demandas apresentadas em algumas regiões, como a orla da capital onde foram alocados mais policiais militares além do apoio do Grupamento Aeromóvel (GAM) no monitoramento aéreo”, disse a PM em nota.

Para uma moradora que pediu para não ter o nome divulgado, os episódios mostram o fracasso do governo na organização da cidade. “Primeiro o caos toma conta, depois despencam inúmeros policiais na praia”, afirmou a carioca que passeava na praia de Leblon.

Pezão diz que planejamento falhou

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), admitiu nesta quarta-feira (14) que houve falha no planejamento de segurança do Estado durante o Carnaval. O feriado foi marcado por casos de violência; durante os quatro dias de festa, foram registrados assaltos, arrastões, espancamento e mortes.

“Não estávamos preparados. Houve uma falha nos dois primeiros dias e depois a gente reforçou aquele policiamento. Mas eu acho que houve um erro nosso. Não dimensionamos isso, mas eu acho que é sempre um aprimoramento, a gente tem sempre que aprimorar”, afirmou em entrevista ao "RJTV 1ª Edição", da Rede Globo.

De acordo com Pezão, uma equipe de segurança está reunida no início da tarde desta quarta para realizar um balanço sobre os episódios de violência nos últimos dias.

A Polícia Civil não informou o número de ocorrências registradas durante o Carnaval. No entanto, foram diversos os relatos de assaltos e situações de violência pelas ruas da capital fluminense.