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MP recebe denúncias de vítimas de outros 6 países contra João de Deus

João de Deus durante atendimento na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO) - Reprodução/Casa de Dom Inácio
João de Deus durante atendimento na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO) Imagem: Reprodução/Casa de Dom Inácio

Do UOL, em São Paulo

14/12/2018 19h04

Mulheres oriundas de Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça formalizaram denúncias contra o médium João Teixeira de Faria, o conhecido como João de Deus, por meio de canais de denúncias do MP-GO (Ministério Público de Goiás). Os relatos foram recebidos nesta sexta-feira (14), segundo o MP.

O e-mail específico para essa finalidade é o denuncias@mpgo.mp.br. Ele foi criado no dia 10 de dezembro. Até agora, somam-se 335 contatos feitos por vítimas, registrados em Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão.

Também já houve levantamento do número de depoimentos coletados em outros estados. Ao todo, foram 30 colhidos pelos MPs de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Espírito Santo. 

A Justiça de Goiás determinou hoje a prisão preventiva do médium. A decisão judicial está sob sigilo e não é confirmada pelo Tribunal de Justiça de Goiás nem pelo MP, mas foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública do estado.

O pedido de prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, havia sido feito no final da tarde dessa quarta-feira (12) pela força-tarefa, formada por cinco promotores de Goiás, que investiga denúncias de abusos sexuais e estupros.

O médium reapareceu em público na quarta-feira (12) pela primeira vez desde que os casos começaram a ser revelados e disse ser inocente.

Os crimes teriam sido cometidos pelo médium na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, contra mulheres que buscavam atendimento.

Em entrevista ao UOL na quarta, a coordenadora do Núcleo de Gênero do MP-SP, promotora Valéria Scarance, afirmou que, em comum, os relatos já apresentados narram que os abusos cometidos eram camuflados pelo médium como parte de um suposto tratamento espiritual a que seriam submetidas.

As denúncias começaram a vir a público no dia 7 de dezembro pelo programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Como as vítimas estão em diferentes estados da federação, os depoimentos são prestados nessas localidades e encaminhados a Goiás.

De acordo com Scarance, as mulheres que encaminharam relatos têm em média 30 anos, sofreram os abusos há pelo menos 20 anos anos, ou mais recentemente, são de diferentes estratos socioeconômicos e estavam vulneráveis, física ou emocionalmente, quando buscaram a ajuda do médium.

"São dezenas de relatos muito semelhantes de mulheres que sequer se conhecem - é como se estivéssemos ouvindo sempre a mesma história, mudando apenas a vítima", observou a promotora.