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Justiça determina prisão do médium João de Deus

12.dez.2018 - João de Deus chega à Casa Dom Inácio Loyola, em Abadiânia - Marcelo Camargo/Agência Brasil
12.dez.2018 - João de Deus chega à Casa Dom Inácio Loyola, em Abadiânia Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

14/12/2018 13h39Atualizada em 14/12/2018 13h48

A Justiça de Goiás determinou a prisão preventiva do médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido internacionalmente como João de Deus e "John of God", que é suspeito de ter abusado sexualmente cerca de 300 mulheres nos últimos anos. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública do estado.

A decisão judicial está sob sigilo e não é confirmada pelo Tribunal de Justiça de Goiás nem pelo MP.

O advogado Alberto Toron, que defende o médium, foi contatado pela reportagem, mas não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens enviadas.

O pedido de prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, havia sido feito no final da tarde dessa quarta-feira (12) pela força-tarefa de cinco promotores de Goiás que investiga denúncias de abusos sexuais e estupros.

Os crimes teriam sido cometidos pelo médium na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, contra mulheres que buscavam atendimento.

O médium reapareceu em público nesta quarta-feira pela primeira vez desde que os casos começaram a ser revelados e disse ser inocente.

Até esta quinta-feira, segundo o Ministério Público de Goiás, eram mais de 300 denúncias de mulheres de diversos estados brasileiros. Pelo menos um quarto desse volume é de mulheres do estado de São Paulo, onde um grupo de três promotoras toma depoimentos de vítimas até o início da semana que vem. 

Em entrevista ao UOL nessa quarta, a coordenadora do Núcleo de Gênero do MP-SP, promotora Valéria Scarance, afirmou que, em comum, os relatos já apresentados narram que os abusos cometidos eram camuflados pelo médium como parte de um suposto tratamento espiritual a que seriam submetidas.

As denúncias começaram a vir a público na última sexta-feira (7) pelo programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Como as vítimas estão em diferentes estados da federação, os depoimentos são prestados nessas localidades e encaminhados a Goiás.

De acordo com Scarance, as mulheres que encaminharam relatos têm em média 30 anos, sofreram os abusos há pelo menos 20 anos anos, ou mais recentemente, são de diferentes estratos socioeconômicos e estavam vulneráveis, física ou emocionalmente, quando buscaram a ajuda do médium.

"São dezenas de relatos muito semelhantes de mulheres que sequer se conhecem - é como se estivéssemos ouvindo sempre a mesma história, mudando apenas a vítima", observou a promotora.

Médium reaparece e diz que é inocente

João de Deus apareceu em público nessa quarta-feira pela primeira vez na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, desde que os relatos vieram à tona. Sob aplausos, cumprimentou o público e disse que "queria cumprir a lei brasileira". 

"Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo", afirmou a fiéis. Ele permaneceu no local apenas dez minutos e, ao sair, disse a jornalistas que era inocente.

Defesa reage a acusações

O advogado de João de Deus, Alberto Toron, afirmou ao jornal "Folha de S.Paulo", nessa segunda (10), que o médium recebeu com "indignação" a notícia de que é acusado de crime sexual e está à disposição das autoridades para esclarecimentos.

Em nota enviada ao programa "Conversa com Bial", a assessoria de imprensa do médium negou as acusações contra ele. "Há 44 anos, João de Deus atende milhares de pessoas em Abadiânia, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais. Apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos". (Com Agência Brasil)