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Boulos: "População ocupa prédio por falta de alternativa, não por escolha"

Luana Massuella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/11/2020 11h59

Guilherme Boulos, candidato pelo PSOL à Prefeitura de São Paulo, disse hoje que a população ocupa imóveis vazios por falta de opção, e que ações do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) são alvo de fake news. "Ocupações acontecem por falta de alternativa, ninguém acorda de manhã e fala 'vou ocupar um imóvel', não é assim", falou o candidato.

"Minha candidatura tem sido alvo de fake news de maneira gritante, desde quando a gente começou a subir nas pesquisas", disse ele, durante sabatina promovida pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, comandada pelo colunista do UOL Diogo Schelp e Camila Mattoso, editora do "Painel", da Folha. Boulos apontou que os também candidatos Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos) como autores de algumas das supostas fake news. França foi alvo de críticas em vários pontos da entrevista.

Questionado se haveria um possível conflito de interesses, caso seja eleito, por ser coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o candidato disse que deixará o posto. "Já não tenho atuado diretamente nas ações do movimento. É evidente que, como prefeito, não tenho nem como continuar sendo coordenador do MTST. Não há qualquer conflito de interesses nisso. Eleito prefeito de São Paulo, exercerei meu papel 24 horas por dia. E respeitando os movimentos sociais", disse.

Eventual apoio do PT

Questionado sobre a possibilidade de o PT (Partido dos Trabalhadores) em abrir mão da candidatura de Jilmar Tatto para apoiar Boulos, o candidato do PSOL disse que 'não tiveram nenhuma conversa direta sobre isso'. "

O Jilmar está fazendo a campanha dele, e nós estamos fazendo a nossa. Agora, eu acho muito importante que a esquerda esteja no segundo turno em São Paulo. A esquerda, na história da cidade, sempre ganhou a eleição ou ficou em segundo lugar, e acho que [o pleito] caminha para isso novamente. Vocês estão acompanhando as pesquisas, o Russomanno derretendo, a nossa candidatura crescendo de forma consistente", disse.

Boulos reforçou a posição da sua candidatura como de oposição ao governador João Doria (PSDB) e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Nossa candidatura tem se mostrado a com melhores condições de combater essa tragédia do 'Bolso Dória'. De evitar uma dobradinha entre tucanos e o candidato do Bolsonaro no segundo turno", disse.

O candidato disse ainda que sua trajetória 'é de defesa da unidade' e contrária ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que ele chama de "golpe". "Nunca fui filiado ao Partido dos Trabalhadores, mas estive na linha de frente contra o golpe do [ex-presidente Michel] Temer, e do Eduardo Cunha, na linha de frente contra a retirada do Lula nas eleições para que o Bolsonaro pudesse ganhar", disse.

"França precisa escolher lado"

Boulos criticou Márcio França em vários momentos, dizendo que o ex-governador do estado precisa escolher um lado.

"Não acho que Márcio França é má pessoa, mas ele precisa se decidir. O eleitor precisa saber em quem está votando. Ele precisa ter lado. Ele foi vice de [Geraldo] Alckmin há oito anos, andava de mãos dadas com o PSDB, apoiou o Doria em 2016", disse. "[Agora] Começou a dizer que é progressista de novo. Não pode existir esquerda de ocasião, esquerda de conveniência", falou.

IPTU para mansões é "pedagógico"

O candidato do PSOL afirmou que uma medida proposta em seu programa de governo, de aumentar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de mansões, será para "corrigir distorções" do imposto.

"Essa medida é muito mais pedagógica do que econômica. Não creio que ela vá trazer grande caixa [à Prefeitura]", disse.

Descentralizar poder no município

O candidato falou em uma descentralização do poder na cidade de São Paulo, com participação popular nas decisões orçamentárias. "Vou querer terminar meu governo com menos poder do que quando entrei. (...) Isso significa distribuir o poder com o povo, descentralizar. Nós vamos implementar orçamento participativo em São Paulo, as pessoas vão poder decidir, através de suas regiões, para onde vai o dinheiro, e quais são suas prioridades", disse.

Boulos disse que pretende dialogar com a Câmara dos Vereadores para negociar a aprovação dos projetos.

"Política também se faz com diálogo. Eu não sou Jair Bolsonaro, que briga com os ministros, com o presidente da Câmara [dos Deputados, Rodrigo Maia]", disse.