Bolsonaro dá apoio a acusado de fake news: "Se perder, assessoro Eduardo"
Apesar de ter suas redes sociais bloqueadas pelo Facebook por suspeita de espalhar fake news, o candidato a vereador por São Bernardo do Campo (SP) Paulo Chuchu (PRTB) recebeu apoio formal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Se você não decidiu por ninguém, eu peço a você que dê uma força para o Paulo Chuchu", afirmou o presidente em vídeo gravado no jardim presidencial em 24 de outubro.
Ao UOL, Chuchu —apelido de Paulo Eduardo Lopes— atribui o apoio do presidente aos serviços prestados ao filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), de quem era assessor parlamentar antes de ter suas contas bloqueadas pelo Facebook.
"O apoio é resultado da parceria, proximidade com a família Bolsonaro. É natural esse apoio", diz o candidato, que espera voltar ao gabinete do padrinho político caso perca a campanha.
"Não quero trabalhar com essa possibilidade [de perder]", diz Chuchu, que afirmou só ter deixado o gabinete de Eduardo "para concorrer à campanha".
Espero ganhar, mas, se não ganhar, volto a ser assessor. Provavelmente, né? Depende do deputado, das circunstâncias. Mas, se eu não for eleito, é provável que eu volte para o mesmo lugar.
Paulo Chuchu, candidato a vereador
O apoio de Bolsonaro
O mandatário, que havia prometido entrar apenas na campanha de segundo turno, decidiu declarar voto em alguns postulantes pelo Brasil. Um deles é Chuchu.
Toda a campanha do candidato é centrada em sua relação com a família Bolsonaro. Na foto de capa do Facebook, ele aparece ao lado do presidente com a frase #EuApoioPolíticoHonesto.
Na imagem de perfil, quem aparece a seu lado é Eduardo. Embora tenha se afastado formalmente do gabinete do deputado em junho, Chuchu mantém o emprego no perfil de campanha. A descrição informa que "Chuchu é policial civil, graduando em direito e secretário parlamentar do deputado federal Eduardo Bolsonaro".
Seu mote de campanha é se gabar do apoio presidencial: "Paulo Chuchu é o ÚNICO candidato a ter apoio do presidente Bolsonaro", diz mensagem com letras maiúsculas.
O apoio formal do presidente veio após Bolsonaro almoçar com Chuchu em Brasília. "Esse apoio é muito importante, mas a responsabilidade de carregá-lo é maior ainda", afirmou o candidato na ocasião.
Contas banidas do Facebook
A conta no Facebook utilizada pela campanha de Chuchu não é a mesma que foi banida pela rede social em 8 de julho. Naquela data, o Facebook derrubou uma rede com 35 contas.
Segundo a plataforma, Chuchu fazia parte de um esquema com dezenas de perfis que escondiam a identidade dos criadores de seus 2 milhões de seguidores.
O rastreamento das contas chegou à conclusão de que os administradores desses perfis eram ligados aos gabinetes da família Bolsonaro. A ideia das páginas seria manipular discussões, espalhar fake news e criticar adversários políticos do clã.
Paulo Chuchu teve seis contas derrubadas. Três delas teriam se passado por redações jornalísticas, como "The Brazilian Post ABC", "The Brazilian Post" e "Notícias São Bernardo do Campo".
Chuchu é considerado o líder do Aliança pelo Brasil em São Bernardo do Campo, partido político que Bolsonaro tenta criar, ainda sem as assinaturas necessárias.
"Não espalhei fake news"
Após o bloqueio das contas, Chuchu foi à Justiça para reavê-las e alegou violação à liberdade de expressão. A 31ª Vara Cível de São Paulo, porém, negou o pedido, ao justificar falta de provas de abuso por parte do Facebook.
Segundo o candidato, ele não teme que as acusações comprometam sua campanha "porque não cometi fake news".
"A parte bolsonarista é que foi mais alvo de notícias falsas. Dizem que o presidente é racista, machista, homofóbico, o que não é verdade. Olha a popularidade dele no Nordeste", afirma.
Chuchu diz ainda que jamais atentou "contra instituições e os Poderes". "Mostre uma publicação minha", desafia. "Sou até fã de alguns ministros, como Alexandre de Moraes e Luiz Fux. Não tenho nada contra eles."
Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu à reportagem.
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