Celso Lafer descalço em aeroporto exemplifica submissão de FHC aos EUA, diz estudo do Ipea
Estudo divulgado nesta terça-feira (14) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) cita o episódio em que o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer teve que tirar os sapatos em um aeroporto americano como exemplo da submissão do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) aos EUA. O Ipea é um órgão de pesquisas vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O texto é de autoria do professor-adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Carlos Milani.
O texto divulgado pelo instituto cita o caso em que Celso Lafer tirou os sapatos no aeroporto de Miami, em 31 de janeiro de 2002, como exemplo da relação entre Brasil e EUA durante o governo tucano. “Este comportamento [ tirar os sapatos], reiterado nos aeroportos de Washington e Nova York durante esta visita oficial, poderia ser considerado uma simples anedota, não fosse Celso Lafer o chanceler brasileiro”, diz o estudo. O Ipea ressalta no início do documento que as opiniões emitidas na publicação são de "exclusiva e inteira responsabilidade dos autores" e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do instituto.
O artigo avalia que Fernando Henrique conduziu as relações com os EUA “na base da reciprocidade moderada” e se limitou a discordar dos norte-americanos em “alguns aspectos econômicos setoriais”. A maior tensão da gestão FHC com os EUA teria ocorrido já no fim do mandato, quando o Brasil discordou da política antiterrorismo do governo Bush, adotada após os atentados de 11 de setembro de 2001. Foi justamente nessa época que ocorreu o episódio no aeroporto de Miami.
Celso Lafer é citado em outra passagem do estudo, que lembra “sinais menos anedóticos de submissão política”. Trata-se da “sugestão nos discursos oficiais do chanceler [Celso Lafer] de que o Brasil participasse da intervenção no Iraque com base na solidariedade com os Estados Unidos”, diz o texto.
Governo Lula
O governo Lula (PT), segundo o texto do Ipea, rompeu com a submissão aos EUA que esteve presente na política externa de seu antecessor. De acordo com o artigo, o governo petista adotou desde seu início, em 2003, a “reciprocidade” no lugar da “reciprocidade moderada” de FHC.
Essa política fez com que o Brasil entrasse em atrito com os EUA em assuntos como a integração dos países das Américas e a participação dos emergentes em instâncias internacionais. Além disso, o texto cita o “artigo difamatório [contra Lula] publicado pelo repórter Larry Rohter no "The New York Times”, como sintomático do desgaste da relações entre os países.
Após a mudança promovida por Lula, afirma o artigo, a relação Brasil-EUA deixou de ser prioritária e norteadora da política externa nacional, apesar de continuar sendo relevante. A avaliação do estudo é que esse cenário se mantém mesmo com a melhoria das relações bilaterais após a eleição de Barack Obama.
“Apesar da admiração mútua entre Obama e Lula relatada na mídia internacional, a agenda inicial que anunciara potencial cooperação perdeu paulatinamente a relevância até atingir o estágio de respeito mútuo e normalização institucional”, afirma o texto.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.