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Tribunal internacional declara ex-presidente da Libéria Charles Taylor culpado por crimes de guerra em Serra Leoa

O ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, durante depoimento ao Tribunal Especial para Serra Leoa, em Haia, na Holanda - Robin van Lonkhuijsen/AP Photo
O ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, durante depoimento ao Tribunal Especial para Serra Leoa, em Haia, na Holanda Imagem: Robin van Lonkhuijsen/AP Photo

Do UOL, em São Paulo

26/04/2012 08h26Atualizada em 26/04/2012 11h24

O Tribunal Especial para Serra Leoa (TESL) declarou nesta quinta-feira (26) o ex-presidente da Libéria Charles Taylor culpado por crimes de guerra durante a guerra civil leonesa, que ocorreu entre 1991 e 2002 e na qual morreram mais de 50 mil pessoas.

"A corte concluiu de forma unânime que o acusado é penalmente responsável por ter ajudado e fomentado os crimes de guerra", declarou o juiz Richard Lussick.

O magistrado acrescentou que Taylor providenciou armas, munição, equipamentos de comunicação e apoio mortal e logístico a rebeldes responsáveis por atrocidades durante a guerra civil. Mas o tribunal rejeitou que o ex-presidente fizesse parte de uma "empresa criminosa" mais ampla, na qual estavam envolvidos os líderes rebeldes.

A pena de Taylor será divulgada apenas em 30 de maio. É o primeiro ex-chefe de Estado africano condenado por um tribunal internacional.

Taylor, 64, foi acusado de 11 crimes, entre homcídios, estupros, escravidão sexual, além de recrutar crianças como soldados durante o conflito. O africano, que governou a Libéria entre 1997 e 2003, também se beneficiou da exploração de diamantes.

Os magistrados constataram que Taylor recebeu os chamados "diamantes de sangue" como pagamento pelo seu apoio aos rebeldes. "Houve uma contínua entrega de diamantes por parte dos rebeldes ao acusado, em troca de armas e munição", indicou o juiz Lussick.

A declaração da modelo Naomi Campell em agosto de 2010, a quem o ditador teria presenteado os supostos "diamantes de sangue", foi determinante na estratégia da Procuradoria para provar este fato, já que Taylor negou o tempo todo ter tido em suas mãos as pedras preciosas.

A audiência teve início às 11h (6h de Brasília) em Leidschendam , na periferia de Haia, na Holanda.

Um edifício moderno foi especialmente construído para o julgamento, transferido em 2006 para Haia pelo Conselho de Segurança da ONU, já que o órgão temeu que a presença de Taylor na capital de Serra Leoa representasse uma ameaça para a paz.

Usando um terno azul escuro, camisa branca e gravata vermelha, Taylor permaneceu toda a sessão sentado atrás de sua equipe de defesa e fez inúmeras anotações em um caderno.

Enquanto isso, em Londres, um porta-voz da chancelaria do Reino Unido disse à AFP que ele deverá cumprir sentença numa prisão britânica.

"A categoria do estabelecimento penitenciário onde será detido dependerá da severidade da pena", afirmou o porta-voz.

O conflito civil que assolou Serra Leoa entre 1991 e 2002 gerou mais de 100 mil vítimas, entre eles uma multidão de mutilados e causou 50 mil mortos.

(Com agências internacionais)