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Rowhani reitera que programa nuclear tem fins pacíficos e diz que Irã não é ameaça

O presidente iraniano, Hasan Rowhani, discursa na 68ª Assembleia Geral da ONU - Timothy Clary/AFP
O presidente iraniano, Hasan Rowhani, discursa na 68ª Assembleia Geral da ONU Imagem: Timothy Clary/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/09/2013 18h43Atualizada em 27/09/2013 18h22

Em discurso na 68ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (24), o novo presidente do Irã, Hasan Rowhani, disse que seu país não representa ameaça para o mundo e afirmou que o programa nuclear de Teerã é pacífico.

“Fala-se muito na ‘ameaça do Irã’. Mas o Irã não representa absolutamente ameaça alguma para o mundo. Sempre fomos um defensor da paz justa e da segurança completa", afirmou Rowhani.

“Devemos eliminar todas as inquietudes que existem em relação ao programa nuclear pacífico do Irã. As armas nucleares e outras armas de destruição em massa nunca terão lugar no Irã”, completou.

Rowhani falou horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter dito na assembleia que aceitaria um acordo se o governo do Irã pudesse agir de forma "transparente".

"Se [os EUA] evitarem seguir os interesses de curto prazo dos grupos de pressão pró-guerra, poderemos encontrar um meio de resolver nossas divergências", afirmou Rowhani em seu discurso.

Embora tenha se mostrado cauteloso, Obama chegou a saudar o "rumo mais moderado" adotado por Rowhani em relação a seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, e disse que está determinado a testar os recentes gestos diplomáticos oferecidos pelo novo presidente ao desafiá-lo a adotar medidas concretas que levem ao fim da disputa nuclear com o Ocidente.

"A República Islâmica do Irã atuará de maneira responsável no que diz respeito à segurança regional e internacional", acrescentou Rowhani.

Após declarações conciliatórias de Rowhani nas últimas semanas, havia grande expectativa de que ele e Obama pudessem se reunir em Nova York, paralelamente à sessão da Assembleia-Geral. O encontro, no entanto, ainda não aconteceu --a reunião seria especialmente importante por representar o primeiro contato pessoal entre chefes de governo dos dois países desde a Revolução Islâmica iraniana de 1979.

Em seu primeiro discurso no plenário de líderes mundiais reunidos em Nova York, o novo presidente iraniano ainda condenou os ataques de drones (aviões não tripulados) contra "inocentes". "O uso de drones que matam pessoas inocentes para combater terrorismo deveria ser condenado", afirmou.

Sanções

O programa de enriquecimento de urânio desenvolvido pelo Irã fez com que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse sanções contra o país. Em seu discurso de hoje, Rouhani criticou as sanções e as comparou com as medidas punitivas impostas ao Iraque quando Saddam Hussein estava no poder.

"Estas sanções são violentas, pura e simplesmente", disse Rowhani, acrescentando que não é a elite política que acaba sofrendo com as sanções, e sim o povo iraniano. "O impacto negativo não está limitado às vítimas cujas sanções são destinadas."

Síria

Sobre o conflito na Síria, o presidente iraniano disse que não existe solução militar para a crise política. "A tragédia humana na Síria é um exemplo catastrófico da propagação da violência e extremismo na região."

Rowhani afirmou ainda que Teerã não aprova o uso de armas químicas. "Condenamos qualquer uso de armas químicas e celebramos a adesão da Síria à convenção internacional de armas químicas", concluiu.(Com agências internacionais)