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EUA suspendem negociações comerciais com Rússia por crise na Ucrânia

Do UOL, em São Paulo

04/03/2014 03h32

Os Estados Unidos suspenderam nesta segunda-feira (3) as negociações que estavam em andamento com a Rússia para estreitar seus laços comerciais e de investimentos devido à intervenção militar desse país na península ucraniana da Crimeia, informou uma fonte oficial ao jornal "Wall Street Journal". Mais cedo, os EUA haviam anunciado a suspensão de "todos os vínculos militares" entre Washington e Moscou.

IMPASSE COM A RÚSSIA MOTIVOU REVOLTA NA UCRÂNIA

As manifestações começaram em novembro, depois que o então presidente Viktor Yanukovich anunciou sua decisão de não assinar um acordo de cooperação com a União Europeia.

Uma ex-república soviética, a Ucrânia está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia.

Em fevereiro, Yanukovich foi deposto, um governo interino foi empossado e novas eleições foram convocadas.

As atenções agora se viraram para a Crimeia, região autônoma da Ucrânia de maioria alinhada à Rússia e que convocou um referendo sobre sua soberania.

Tropas russas já assumiram controle sobre a região, apesar dos protestos da comunidade internacional ,e há temores de que possam tentar avançar sobre outras partes da Ucrânia.

"Devido aos últimos eventos na Ucrânia, suspendemos as negociações bilaterais - com a Rússia - sobre comércio e investimento, que estavam voltadas a aproximar nossos laços comerciais", disse à publicação um porta-voz do representante de Comércio Exterior dos Estados Unidos, Michael Froman.

Os vínculos militares entre os países que foram encerrados compreendem "os exercícios e as reuniões bilaterais, as escalas de navios e as conferências de planejamento militar", declarou em uma nota o porta-voz da Defesa americana, o contra-almirante John Kirby.

"Pedimos que a Rússia impeça a escalada da crise na Ucrânia e que suas tropas na Crimeia voltem para suas bases", afirmou em comunicado o porta-voz do Departamento de Defesa, o contra-almirante John Kirby.

Essas decisões se inserem no pacote de medidas de pressão que os Estados Unidos preparam para tentar persuadir a Rússia a voltar atrás em sua intervenção militar na Crimeia.

Obama pressiona Putin

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia afirmado hoje que a Rússia violou a legislação internacional após a intervenção militar na Ucrânia e que o governo dos EUA analisava uma série de sanções econômicas e diplomáticas para isolar Moscou.

O presidente russo, Vladimir Putin, precisa permitir que monitores internacionais negociem um acordo que seja aceitável para todos os ucranianos, disse Obama a jornalistas antes de se reunir com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu.

"Ao longo do tempo isso será custoso para a Rússia. E agora é o momento para eles considerarem se podem cumprir seus interesses através da diplomacia e não pela força", disse Obama.

Por telefone

Ainda nesta segunda-feira, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou por telefone com o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, e pediu a Moscou que retire suas forças da Crimeia. A informação foi divulgada pela Casa Branca.

"O vice-presidente pediu à Rússia que retire suas forças, apoie o envio imediato de observadores internacionais à Ucrânia e comece um diálogo político substantivo com o governo ucraniano", destacou o governo dos Estados Unidos.

O secretário de Estado americano, John Kerry, chega amanhã a Kiev, em um sinal de apoio ao governo interino ucraniano, que assumiu após a saída do presidente Viktor Yanukovytch.

"Falará, certamente, sobre as necessidades econômicas e políticas da Ucrânia, para ver que ajuda adicional poderá ser facilitada e enviar uma forte mensagem de que apoiamos o povo ucraniano", afirmou em teleconferência a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jennifer Psaki.

(Com agências internacionais)