Cristina dissolve agência de inteligência após morte de promotor
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou em pronunciamento na TV na noite de segunda-feira que irá dissolver o serviço secreto de inteligência do país, acusando-o de atuar com "impunidade" e vinculando-o à morte do promotor Alberto Nisman.
"O plano é dissolver a Secretaria de Inteligência e criar uma Agência Federal de Inteligência" com um chefe escolhido pelo presidente mas sujeito à aprovação do Senado", afirmou Cristina.
Nisman investigava uma suposta ligação entre o governo argentino e o atentado contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994.
De acordo com Cristina, a morte de Nisman "revelou que os serviços de inteligência manejam juízes e promotores". "Mas eu não vou ser extorquida, porque não tenho medo deles."
Cristina garantiu que a reforma dos serviços de inteligência tenta "transparecer" o funcionamento da Justiça argentina, medida que era esperada desde o tim da ditadura militar.
A presidente garantiu que enviará o projeto de reforma ao Congresso até o próximo fim de semana, quando ela iniciará uma viagem pela Ásia, com parada na China.
A nova entidade poderá atuar apenas em "acontecimentos que afetam a segurança do país, como prevenção de ameaças internacionais de terrorismo, ataques cibernéticos, tráfico de pessoas, crime organizado, delitos econômicos e narcofrático", explicou Cristina.
O sistema de escutas telefônicas que atualmente é autorizado por juízes será transferido para outro órgão. O repasse ilegal de dados e o uso de escutas telefônicas estarão sujeitas a penas de três anos de prisão.
O promotor Alberto Nisman foi encontrado morto no dia 18 de janeiro, em seu apartamento em Puerto Madero. O corpo estava no banheiro, com um tiro na cabeça. A arma usada no disparo não pertencia a Nisman, e os primeiros exames negaram a presença de pólvora em sua mão.
O promotor morreu uma semana após apresentar uma denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e membros do seu governo. Ele dizia que a mandatária tinha participado de um plano para inocentar iranianos acusados do atentado contra a Amia, que deixou 85 mortos.
Dias depois da morte de Nisman, a mandatária veio à público dizer "ter certeza" que o promotor não cometera suicídio e que a morte era uma tentativa para incriminar seu governo. (Com agências internacionais)
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