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Em julgamento, ex-diretor do FMI nega 'orgias desenfreadas'

 Ativista do Femen sobe no carro do ex-chefe do FMI Dominique Strauss-Kahn, que chegou para ser julgado por exploração da prostituição, em Lille, no norte da França - Denis Charlet/ AFP
Ativista do Femen sobe no carro do ex-chefe do FMI Dominique Strauss-Kahn, que chegou para ser julgado por exploração da prostituição, em Lille, no norte da França Imagem: Denis Charlet/ AFP

Do UOL, em São Paulo

10/02/2015 11h05Atualizada em 10/02/2015 11h59

Dominique Strauss-Kahn afirmou nesta terça-feira (10)  que não sabia que as mulheres que participavam de orgias organizadas por amigos quando era diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) eram prostitutas.

O economista, que começou a depor no Tribunal Correcional de Lille, onde está sendo julgado ao lado de outras 13 pessoas por agenciamento de prostitutas, negou que as orgias eram "uma atividade desenfreada", como diz a acusação. 

A audiência começou pouco antes das 10h00 GMT (8h00 de Brasília), com a leitura pelo tribunal de uma carta enviada pelo próprio Strauss-Kahn a especialistas psiquiátricos encarregados de analisar sua personalidade.

"Eu não cometi nenhum crime ou delito", ele escreveu.

"Quando lemos o ORTC (a ordem de comparecimento perante o tribunal criminal) temos a impressão de uma atividade frenética", disse Strauss-Kahn. "Não houve nenhuma atividade desenfreada", disse.

Ele acrescentou ter participado de "apenas" 12 dessas "festas" em um intervalo de três anos.

"Eu me considero em nada organizador dessas noites. Eu não tinha tempo para organizar qualquer evento", declarou ainda.

DSK, que era considerado o favorito para a eleição presidencial de 2012 na França, tem três dias para convencer os juízes de que não tinha conhecimento de que as mulheres que participaram dos encontros eram prostitutas.

Ele sempre alegou ignorar que suas parceiras eram prostitutas, dizendo tratar-se de uma simples libertinagem consentida entre adultos.

O ex-diretor do FMI pode ser condenado a uma pena máxima de 10 anos de prisão e uma multa de 1,5 milhão de euros por proxenetismo agravado neste julgamento.

O principal elemento de acusação contra o ex-ministro socialista francês são os testemunhos das prostitutas. Elas afirmam que Strauss-Kahn sabia que estavam participando das festas por dinheiro e seria difícil ignorar isto, entre outras coisas em razão das práticas "brutais" das orgias.

Uma testemunha, identificada como Mounia, contou no tribunal, segundo relato da "France Info", como eram as orgias realizadas em um hotel em Paris, como subiu para o quarto onde Strauss-Kahn (conhecido por suas iniciais DSK) o esperava, assim como a "brutalidade" da relação que mantiveram -- que admitiu ter sido consentida.

Femen

Ao chegar ao tribunal pela manhã, três ativistas do Femen com peitos nus e inscrições no corpo se jogaram sobre o carro do ex-diretor-gerente do FMI gritando contra os homens que contratam prostitutas e agenciadores.

Gritando "macs-clientes declarados culpados", as três ativistas pegaram de surpresa os policiais em frente ao tribunal, uma delas chegando a escalar o capô do sedan com vidros escuros que transportava DSK, e as outras duas cercando o veículo antes de serem todas detidas. (Com agências internacionais)