Entenda o que querem e como surgiram os grupos extremistas que ameaçam o mundo
Diariamente, o Estado Islâmico aparece nas manchetes dos principais jornais do mundo. Não só pelos assassinatos brutais de civis, filmados e publicados na internet, mas também por causa do recrutamento de ocidentais e pelo treinamento militar de crianças, que se tornam guerrilheiras precoces do grupo. Além disso, o grupo passou a queimar livros e destruir obras de arte que representam outras religiões.
Outras células terroristas, no entanto, também ameaçam populações e governos da África e da Ásia, além de causar medo na Europa e na América do Norte, potenciais alvos de ataque. O UOL listou quatro grupos, além do Estado Islâmico, que também ocupam o noticiário pelos atos extremistas.
Al Qaeda
Origem: Afeganistão, 1988, após a expulsão da União Soviética do país.
Atuação: Afeganistão, Paquistão, Quênia, Síria, Índia, Somália; ações eventuais em países da Europa e dos Estados Unidos.
Objetivo: Combater a influência ocidental nos países muçulmanos –atacando inclusive governos islâmicos considerados “liberais demais”– e implantar a sharia, o código moral islâmico interpretado de forma extrema pelo grupo. O assassinato de civis, por exemplo, é permitido em prol dos objetivos dos terroristas. A Al Qaeda ganhou notoriedade após os atentados de 11 de Setembro e espalhou o terrorismo por países do Ocidente, do Oriente Médio e da África, influenciando organizações como Estado Islâmico, Al-Shabaab e Boko Haram. Apesar da morte de Osama Bin Landen, o grupo continua vivo a partir de colaboradores inspirados pelos ideais dos terroristas que promovem eventuais ataques suicidas em países como Estados Unidos, Quênia e Iraque.
Atentados notórios: EUA, 11 de setembro de 2001 (Nova York e Pentágono, cerca de 3.000 mortos); embaixadas americanas em Dar es Salaam, Tanzânia, e Nairóbi, Quênia, em 7 de agosto de 1998 (224 mortos); distrito turístico de Bali, Indonésia, em 12 de outubro de 2002 (202 mortos).
Taleban
Origem: Afeganistão e Paquistão, 1994.
Atuação: Afeganistão e Paquistão.
Objetivo: Outro nome que ganhou as manchetes pelos atentados de 11 de Setembro, o grupo governou o Afeganistão de 1996 até a invasão americana de 2001 –ele foi tirado do poder pelos Estados Unidos pela acusação de proteger Osama Bin Laden e terroristas da Al-Qaeda, de quem o Taleban era aliado. Mas o grupo continuou ativo no país, com a meta de implementar a sharia, assim como no Paquistão, onde tem o nome de Tehrik-i-Taliban Pakistan e promove sucessivos ataques. O governo paquistanês, que já foi próximo do grupo na época do domínio talibã no vizinho Afeganistão, tenta dialogar com os terroristas em seu país, sem sucesso. Já o Afeganistão recebe treinamento de contraterrorismo das forças dos Estados Unidos e da Otan, mas não consegue extinguir os ataques.
Atentados notórios: massacre em escola de Peshawar, no Paquistão, 16 de dezembro de 2014 (145 mortos, incluindo 132 crianças); ataque a um mercado em Mohmand Agency, Paquistão, em 9 de julho de 2010 (104 mortos); tentativa de assassinato da adolescente ativista Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz de 2014, em 9 de outubro 2012. O Tehrik-i-Taliban Pakistan assumiu a autoria dos três atos.
Al Shabaab
Origem: Somália, 2006.
Atuação: Somália, Quênia e Uganda.
Objetivo: Grupo ligado à Al Qaeda criado com o objetivo de transformar a Somália, que enfrenta uma guerra civil, em um estado fundamentalista islâmico governado com base na sharia. Além dos ataques domésticos, também realizou atentados em países vizinhos, como Quênia e Uganda, que se juntaram à Somália para combater os terroristas. As tropas conseguiram expulsar o grupo de Mogadício, capital somali, mas os guerrilheiros controlam algumas partes do país e continuam a atuar no Quênia e em Uganda. O Al Shabaab ganhou notoriedade no último sábado (21), quando o grupo convocou por vídeo, seus “simpatizantes no Ocidente” a copiar um ataque a um shopping no Quênia, que deixou mais de 60 mortos. Os Estados Unidos entraram em alerta, mas o governo Obama ressaltou que não havia “evidência crível ou específica” de que um ataque a shoppings estava sendo planejado no país.
Atentados notórios: ataques suicidas em Kampala, Uganda, em 11 de julho de 2010, no dia da final da Copa do Mundo da África do Sul (74 mortos); ataque em Beledweyne, Somália, em 18 de junho 2009 (35 mortos, incluindo Omar Hashi Aden, ministro da Segurança do país) e vários outros atentados locais.
Estado Islâmico
Origem: Iraque e Jordânia, 1999, como “Organização do Monoteísmo e Jihad”.
Atuação: Iraque, Líbia e Síria.
Objetivo: Dissidente da Al Qaeda no Iraque, o grupo se estruturou e tomou o mundo de surpresa no ano passado quando conseguiu ocupar territórios e criar um califado entre a Síria e o Iraque, onde hoje se concentra. Mesmo sofrendo constantes ataques aéreos dos Estados Unidos e sendo combatido por Egito, Jordânia, Iraque e Síria, além de forças curdas, o Estado Islâmico assusta tanto pelo avanço militar quanto pelos brutais assassinatos cometidos contra reféns e cidadãos vistos como inimigos do regime. O grupo também governa a partir da sharia, o código moral islâmico interpretado de forma radical pelo grupo, e quem a desrespeita está sujeito a tortura e morte. Seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, é apontado pelos terroristas como sucessor de Maomé, e o EI exige que os muçulmanos prestem sua devoção a ele. O alcance da organização não fica restrito à área invadida: com os recentes recrutamentos de ocidentais, o Estado Islâmico tem se tornado uma ameaça também na Europa e na América do Norte, que temem atentados em seus próprios países e a saída de cidadãos, muçulmanos ou não, para se juntar ao grupo.
Atentados notórios: o domínio do grupo nos territórios sírio e iraquiano frequentemente deixa vítimas, mas o grupo também pratica assassinatos em massa: um dos mais famosos foi entre 12 e 15 de junho de 2014, quando cerca de 1.700 soldados iraquianos teriam sido mortos pelos terroristas em Tikrit.
Boko Haram
Origem: Nigéria, 2002.
Atuação: Nigéria, Chade, Níger e Camarões.
Objetivo: O Boko Haram é mais um que busca a implantação da sharia, que seria incorporada na Nigéria, o país mais populoso da África, a partir de um golpe. Os terroristas têm sua base no norte do país, de maioria muçulmana, onde dominam um território de aproximadamente 32 mil km². Mas o sul, região da capital Lagos e majoritariamente cristão, também começa a sentir as ameaças. Os sequestros e assassinatos em massa, no entanto, ocorrem principalmente no norte e na região central do país. Nigéria, Camarões e Chade, com apoio técnico e financeiro dos Estados Unidos, tentam combater o Boko Haram, que até o momento tem se mostrado uma ameaça concentrada apenas na África Ocidental.
Atentados notórios: sequestro de 276 garotas de uma escola em Chibok em abril de 2014 (219 ainda estão desaparecidas); sequestro da mulher do vice-presidente de Camarões em julho de 2014 (foi libertada em outubro); assassinato em massa em Baga em janeiro de 2015 (pelo menos 150 mortos, número que pode chegar a 2.000, segundo a entidade Human Rights Watch). (Com CNN)
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