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Robôs fazem o check-in e check-out em hotel de baixo custo no Japão

Yuri Kageyama

Em Sasebo (Japão)

15/07/2015 20h03

Do recepcionista que faz o check-in e o check-out ao porteiro, que é um carrinho automatizado que leva a bagagem até o quarto, este hotel no sudoeste do Japão, apropriadamente chamado de Weird Hotel (Hotel Esquisito), é quase todo equipado com robôs para economizar nas despesas trabalhistas.

Hideo Sawada, que dirige o hotel como parte de um parque de diversões, insiste que o uso de robôs não é um artifício, mas um esforço sério para uso de tecnologia e maior eficiência.

O robô recepcionista que fala inglês é um dinossauro de aparência feroz e a que fala japonês é uma fêmea humanóide com cílios e que pisca. "Se você quiser fazer o check-in, aperte um", diz o dinossauro. O visitante ainda tem que apertar um botão no balcão e digitar a informação em uma tela de toque.

O Henn na Hotel, como é chamado em japonês, foi apresentado aos repórteres na quarta-feira (15), completo com demonstrações dos robôs, antes de sua abertura ao público na sexta-feira.

Outra característica do hotel é o uso de tecnologia de reconhecimento facial, em vez das chaves eletrônicas habituais, ao registrar a imagem digital do rosto do hóspede durante o check-in.

O motivo? Robôs não são bons em achar chaves, caso as pessoas as percam.

Um braço robótico enorme, geralmente visto no setor manufatureiro, fica em uma área fechada de vidro no canto do saguão. Ele pega uma das caixas empilhadas na parede e a passa por um espaço no vidro, onde o hóspede pode colocar um item nela, para uso como guarda-volumes.

O braço recoloca a caixa na parede, até que o hóspede a queira de novo. O sistema é chamado de "bengaleiro robô".

Por que um simples guarda-volume com moeda não serve não é a questão.

"Eu queria destacar a inovação", disse Sawada aos repórteres. "Eu também queria fazer algo a respeito da alta dos preços dos hotéis."

A estadia no Henn na Hotel custa a partir de 9 mil ienes (R$ 250), uma pechincha no Japão, onde uma estadia em um hotel melhor pode facilmente custar duas ou três vezes mais que isso.

O concierge é um robô sem cabelo parecido com um boneco, dotado de reconhecimento de voz, que lista o café da manhã e até mesmo informações sobre eventos. Mas ele não chama um táxi e nem dá recados.

O Japão é o líder mundial em tecnologia de robótica, e o governo está alardeando a robótica como um pilar de sua estratégia de crescimento. Os robôs há muito são usados aqui na manufatura. Mas o interesse também é alto em explorar o potencial dos robôs na interação humana, inclusive nos cuidados com idosos.

A robótica também é crucial para a desativação dos três reatores em Fukushima, no norte do Japão, que sofreram fusão em 2011, na pior catástrofe nuclear desde Chernobyl.

Uma área em que o Henn na Hotel ainda emprega seres humanos é na segurança.

O local é repleto de câmeras de segurança e pessoas de verdade observam tudo por um monitor, para assegurar que os hóspedes permaneçam seguros e que ninguém fuja com um dos robôs caros.

"E eles ainda não arrumam as camas", disse Sawada, que também é responsável por uma popular agência de viagens japonesa a preço acessível.

Ele tem grandes ambições para seu conceito de hotel robótico e deseja abrir outro em breve no Japão, e depois no exterior. Ele também está ávido para adicionar outras línguas, como chinês e coreano, ao vocabulário dos robôs.

Um robô em forma de bloco presente no saguão foi trazido para realizar o serviço de quarto, entregar bebidas e lanches simples. Mas ele ainda não estava pronto para fazer isso.

No lado de fora, Sawada também demonstrou um drone que entrava voando para entregar potes pequenos com petiscos. Ele disse que pretende futuramente usar drones em shows para os hóspedes.

Nos quartos do hotel, um robô do tamanho de um abajur, na forma de uma tulipa rosa gorda chamado Tuly, responde perguntas simples como "Que horas são?" e "Qual a previsão do tempo para amanhã?"

Também é possível pedir a ele que acenda ou apague as luzes do quarto. Não há interruptores nas paredes.

Sawada manterá a ocupação do hotel apenas pela metade nas primeiras semanas para assegurar que nada sairá errado.

Ele também cancelou de último minuto a estadia planejada para os repórteres. Os robôs simplesmente ainda não estavam prontos.