Refugiados furam bloqueio policial na Croácia; ministro diz que país está lotado
Centenas de refugiados furaram nesta quinta-feira (17) um bloqueio policial em uma estação de trem em Tovarnik, na Croácia, na tentativa de alcançar a Eslovênia e depois a Áustria no caminho da Alemanha e de países da Escandinávia.
Após cruzarem a pé a fronteira com a Sérvia, os imigrantes foram direcionados a trens e ônibus para serem encaminhados a centros de registro de refugiados. Cerca de 2.000 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, ficaram aguardando os ônibus por horas, e o tumulto começou no momento da chegada dos veículos.
Vários refugiados passaram à força pelo bloqueio policial e continuaram o trajeto a pé. As imagens da confusão mostram a polícia tentando conter a multidão.
Segundo um fotógrafo da agência Associated Press, dezenas de pessoas ficaram feridas. De acordo com o jornalista Jonathan Miller, do britânico Channel 4, um homem teve um ataque do coração e foi socorrido pelos profissionais da imprensa durante meia hora.
“A polícia ficou assistindo”, disse Miller no Twitter.
Ainda de acordo com a Associated Press, a situação se acalmou em seguida, com parte dos refugiados seguindo a pé e o restante nos ônibus determinados pela polícia croata.
Nesta quinta, o ministro de Interior da Croácia, Ranko Ostojic, afirmou que o país não tem mais capacidade para continuar a receber refugiados, depois da chegada de 8.900 refugiados oriundos da Sérvia desde a quarta-feira, segundo a polícia local.
"Neste momento esgotamos nossas capacidades e nas conversas com dirigentes do Acnur (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) e da UE (União Europeia) dissemos que a Croácia está já cheia", declarou Ostojic, segundo a agência croata "Hina".
A fala do ministro está relacionada à situação em Tovarnik, que tem sido o local de chegada dos refugiados desde o fechamento da fronteira húngara com a Sérvia. O ministro indicou que quem quiser pedir asilo será levado a centros de registro, como determina a legislação europeia, e que quem não quiser solicitá-lo será considerado imigrante ilegal.
"Não somos um país em que num certo momento não possa ser solidário, mas neste momento pedimos [aos restantes países de onde provêm os refugiados] que parem a afluência", disse.
"Não é aceitável que a Croácia seja tratada como um país em que se devem respeitar os acordos internacionais e que isso não seja feito nos países vizinhos que estão sendo atravessados pelos imigrantes", explicou.
Na quarta-feira, a Croácia manifestou a disposição em estabelecer corredores que permitam aos refugiados cruzar de forma rápida e organizada o seu território a caminho do Norte.
O primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, criticou duramente a política da Hungria em relação aos refugiados ao considerar que "os muros que se erguem não apenas nada detêm, mas também enviam uma mensagem horrorosa e perigosa". (Com agências internacionais)
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