Em represália por avião abatido, Rússia voltará a exigir visto de turcos
A Rússia decidiu restabelecer os vistos para os turcos, acabando com o regime de isenção em vigor entre os dois países, anunciou nesta sexta-feira (27) o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
"Esta decisão será aplicável a partir de 1º de janeiro", disse Lavrov, durante uma entrevista coletiva com o seu homólogo sírio, Walid Muallem.
Este é mais um ato de retaliação contra Ancara depois de um caça-bombardeiro russo ter sido abatido pela força aérea turca, na última terça-feira (24), sobre a Síria, causando a morte de um piloto.
Além disso, a Rússia prepara outras medidas de represália, que podem incluir o congelamento de projetos conjuntos de investimento, a restrição da importação de alimentos da Turquia e a limitação dos voos ao país. O uso da mão de obra turca na Rússia também poderia ser afetada.
Houve queixas por parte do governo turco de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não quis conversa sobre o enrosco diplomático entre os dois países.
O conselheiro de Putin, Yuri Ushakov, confirmou que o presidente russo não respondeu aos telefonemas de Recepp Tayip Erdogan, presidente da Turquia, pela "falta de vontade por parte dos turcos de pedir as desculpas mais elementares" pela derrubada de sua aeronave militar.
O governo russo havia confirmado, mais cedo, que Erdogan telefonou "sete ou oito horas" após o abate da aeronave e que Putin tinha sido "informado" sobre as chamadas.
Já o presidente turco negou a acusação russa, feita na quarta-feira, de que o avião teria sido derrubado deliberadamente e classificou as críticas de Putin como “inaceitáveis”. Erdogan afirmou que, para tratar da crise entre os dois países, é preciso ver Putin cara a cara. Ambos estarão em Paris na semana que vem, para a Conferência Mundial do Clima.
"Gostaria de encontrar o senhor Putin cara a cara na segunda-feira, em Paris, para conversarmos", declarou Erdogan. "Eu gostaria que este problema não prejudicasse nossas relações." Ele também acusou Putin de usar o avião abatido como desculpa para prosseguir com seu objetivo de reforçar militarmente o regime sírio de Bashar al-Assad.
Em um artigo publicado pelo jornal britânico "The Times", o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, afirmou nesta sexta-feira que seu país deseja reduzir a tensão com a Rússia. "Embora todas as medidas para defender nosso território sejam mantidas, a Turquia trabalhará com a Rússia e nossos aliados para acalmar as tensões", afirma no texto.
"A derrubada de um avião não identificado no espaço aéreo turco não foi e não é um ato contra um país específico", alegou. (com informações de agências internacionais)
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