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Assembleia Constituinte firma decreto que a coloca acima dos poderes públicos da Venezuela

Do UOL, em São Paulo

08/08/2017 18h18

A Assembleia Constituinte venezuelana aprovou nesta terça-feira (8) um decreto que subordina os poderes públicos do país a ela. A decisão foi anunciada um dia depois de a maioria da oposição no Congresso afirmar que não reconheceria as decisões da Constituinte, escalando a retórica e aprofundando a crise política na Venezuela.

A presidente da Assembleia Constituinte, a ex-ministra de Relações Exteriores Delcy Rodríguez disse que, a partir de agora, os poderes constituídos não poderão de forma alguma impedir as decisões do novo organismo, segundo afirmou a agência de notícias venezuelana estatal.

A Assembleia Constituinte da Venezuela iniciou sua sessão plenária desde que tomou posse, no espaço do Palácio Legislativo que normalmente é ocupado pela Assembleia Nacional (Parlamento).

Durante a reunião da Assembleia, chanceleres e representantes de 17 países da América avaliavam em Lima a situação vivida pela Venezuela, sobre a qual poderiam emitir uma condenação por "uma nova modalidade de golpe de Estado" após a instalação de uma Assembleia Constituinte que agravou a crise. O encontro é realizado depois que o Mercosul suspendeu Caracas por "ruptura da ordem democrática".

Opositores barrados

Horas antes, a Guarda Nacional Bolivariana, responsável pela segurança do Palácio Legislativo, impediu a entrada dos deputados opositores no prédio, que abriga tanto a Assembleia Nacional como a contestada Assembleia Constituinte, promovida pelo presidente Nicolás Maduro.

Os parlamentares opositores, que pretendiam realizar uma sessão nesta terça-feira sobre a crise venezuelana, afirmaram que militares e "coletivos" ligados ao governo impediram sua passagem e os obrigaram a deixar o local. "Não nos deixaram entrar no Palácio Legislativo. Esse governo invade os espaços, já que não é capaz de ganhá-los legitimamente", afirmou o deputado Stalin González, um dos líderes da oposição, que detém dois terços dos assentos na Assembleia Nacional.

A situação se deu horas depois de a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, ter ingressado com um grupo de soldados no salão protocolar do Palácio, um espaço antes utilizada pela Assembleia Nacional. "Eles chegaram à noite, na escuridão, e tomaram o Palácio", disse o deputado oposicionista Jorge Millán.

O líder chavista Diosdado Cabello havia advertido que a Assembleia Constituinte teria a tutela do Palácio Legislativo e que era necessária sua autorização para qualquer atividade. (Com agências internacionais)