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Trump minimiza vitória democrata na Câmara, faz aceno a rivais, mas mantém ameaças

Manuel Balce Ceneta/AP
Imagem: Manuel Balce Ceneta/AP

Do UOL, em São Paulo

07/11/2018 15h48Atualizada em 07/11/2018 17h08

Em um tom mais conciliador em relação aos seus discursos habituais, o presidente dos EUA, Donald Trump, exaltou nesta quarta-feira (7) a vitória republicana no Senado e minimizou a perda para os democratas do controle da Câmara dos Deputados. "Realmente poderia ser um tipo de situação bipartidária bonita", disse Trump, não sem fazer uma ameaça sobre as investigações que podem ser abertas pelos rivais a partir de janeiro.

"Se os democratas lançarem investigações sobre mim, o governo vai parar e eu os culparei. Temos muitas coisas em comum sobre infraestrutura, saúde. Há muitas coisas boas que podemos fazer juntos", afirmou o presidente em sua primeira entrevista coletiva após as eleições legislativas, uma das maiores de seu governo.

Controlar a Câmara significa ter as rédeas dos comitês com o poder de fazer intimações. Os democratas também poderão investigar as finanças pessoais do presidente, assim como suas ligações com a Rússia, um assunto que já é investigado pelo promotor especial Robert Mueller. Na entrevista, na Casa Branca, Trump afirmou que a abertura de uma investigação democrata seria uma "postura de guerra".

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Há menos de uma semana, Trump referiu-se aos democratas como um "Partido do crime". Após a vitória democrata na Câmara, o presidente aproveitou o aceno da líder opositora na casa, Nancy Pelosi, e apoiou que os rivais a transformem em presidente da Câmara. "Dou muito crédito a ela pelo que fez e pelo que conquistou. Espero que todos possamos trabalhar juntos no ano que vem", disse o presidente.

Após a vitória, Nancy declarou que a conquista dos democratas não tem a ver com as diferenças partidárias, mas com "conservar os valores constitucionais" dos EUA. "Todos tivemos suficiente divisão. O povo americano quer paz. Querem resultados", reiterou a democrata.

Em seu discurso, Trump responsabilizou os grandes doadores democratas e a "cobertura hostil" da imprensa pela perda da maioria na Câmara. Ele ressaltou que o Partido Republicano tem agora o maior número de senadores na casa nos últimos 100 anos e lembrou que os republicanos ainda são a maioria entre os governadores do país. Ele fez questão de ressaltar que as eleições legislativas de terça-feira "desafiaram a história", atribuindo a ele a responsabilidade pela vitória republicana no Senado. "A América está crescendo como nunca antes", afirmou.

Mantendo a versão de que os republicanos não foram derrotados, Trump insistiu que prevê "muito menos impasse" na Câmara após a perda da maioria republicana. "Eu acho que foi uma grande vitória republicana. Realmente acredito que haverá muito menos impasse por causa disso", afirmou. "Houve algumas perdas na noite passada e houve algumas vitórias que foram incríveis. Vitórias em que ninguém acreditaria."

Mais cedo, Trump se vangloriou de ser um vencedor e, sem mudar seu tom, ou estilo, mostrou-se triunfante mesmo após perder a maioria na Câmara dos Deputados para a oposição democrata. No Twitter, o presidente americano avaliou que as eleições de meio de mandato foram "um tremendo sucesso". Seu entusiasmo não é tão pouco realista quanto se possa imaginar: os republicanos retiveram e até expandiram sua maioria no Senado, tanto que ele poderá tirar vantagem em um confronto com a Câmara em sua campanha pela reeleição dentro de dois anos.

Além das ameaças de travar o governo, Trump sugeriu que poderia usar a maioria republicana no Senado para conduzir investigações favoráveis à Casa Branca. Segundo ele, não haverá bipartidarismo se os democratas o investigarem. O presidente insistiu que, até agora, nada foi provado sobre o conluio do apoio russo para a sua vitória em 2016. "Quero ver o que eles têm. Eles querem fazer alguma coisa, continuo ouvindo sobre o cansaço das investigações. Eles podem jogar esse jogo, mas podemos jogá-lo melhor", disse.

Perguntado sobre o que aprendeu com o resultado da eleição, Trump disse: "Acho que as pessoas gostam de mim. Acho que as pessoas gostam do trabalho que estou fazendo". (Com agênicas internacionais)