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Poluição mata mais que Aids e tuberculose em SP, diz professor da USP

Rodrigo Pedroso

Do Valor

01/10/2012 13h01

A poluição em São Paulo, causada em grande parte pela queima de combustíveis fósseis utilizados para transporte, é responsável pela morte de cerca de 4 mil paulistanos todos os anos. O número, segundo o médico e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva, é maior do que a mortandade na capital causada por Aids e tuberculose.

"São Paulo tem 28 microgramas de poluentes causadas pela queima de combustíveis por metro cúbico. O limite considerado tolerável pela Organização Mundial da Saúde é de 10 microgramas", afirmou nesta segunda-feira (1º) durante a Conferência Internacional Biodiesel BR 2012.

Ainda segundo estudo apresentado pelo professor, se a capital reduzisse em 10% os níveis da poluição do ar entre 2000 e 2020, 114 mil paulistanos não morreriam no período. O dado é um alerta para que esse tipo de custo comece a ser levado em conta quando se pensa na adoção de uma matriz energética, na visão de Saldiva.

"Porque o cálculo econômico acaba quando o combustível chega à bomba? E o custo para a saúde pública e a perda de capital humano? Toda cidade que diminuiu a poluição aumentou a expectativa de vida de seus habitantes. Se eu morasse em Curitiba, por exemplo, ganharia três anos de vida", disse para depois se colocar como "favorável a desenvolver tecnologias que se adequem a uma planilha que leva em conta o custo humano".

Saldiva ainda lembrou que a OMS colocou, em julho último, o diesel na lista de produtos que contém substâncias cancerígenas 1A, consideradas as com maior potencial de desenvolvimento da doença em seres humanos. "São Paulo está com o mesmo nível de poluição de Los Angeles na década de 1970. Curiosamente ou não, nossa legislação sobre a questão é dessa mesma época."