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Sem apoio aos diretores de escola, é difícil melhorar a educação

Especial para o UOL

18/09/2015 06h00

No Brasil e nos demais países da América Latina, todos concordamos, nos últimos anos, sobre a importância estratégica da educação. O fato de todas as pessoas disporem de melhores habilidades e competências é decisivo para fortalecer nossos países em termos econômicos, políticos e sociais, para assegurar melhores empregos e para oferecer mais e melhores oportunidades a todos.

Graças às legítimas aspirações sociais e às pesquisas realizadas recentemente, chegamos a um importante consenso: a equidade é um requisito fundamental da qualidade da educação. Os melhores sistemas educativos são aqueles que mais investem em todos os alunos, especialmente nos menos favorecidos.

Em educação, muito se investiu em infraestrutura –ainda que nem sempre com sucesso na formação, seleção e supervisão de docentes–, em propostas curriculares inovadoras, as quais, junto com novas apostas tecnológicas, anunciavam o sonho de utopias pedagógicas, e também em outras políticas reformistas, com diferentes resultados. No entanto, pouco se investiu na formação, seleção e apoio aos diretores de escolas. Sem sua liderança profissional é difícil realizar mudanças que promovam efetiva melhora na educação.

Muitos concordam que a escola é a maior protagonista em qualquer processo de mudança e melhora, se ela incorporar três componentes-chave. Primeiramente, ter um projeto educativo próprio com forte identificação e compromisso com sua comunidade. Em segundo lugar, desfrutar de grande autonomia e contar com uma avaliação externa que lhe possibilite realizar os ajustes necessários de acordo com os resultados obtidos, garantindo transparência à atividade. Por último, contar com uma liderança efetiva por parte da direção, que estabeleça metas, desenvolva estratégias de melhora, apoie processos e seja capaz de oferecer resultados e assumir responsabilidades.

Muitos pesquisadores têm demonstrado que a liderança escolar é, depois da qualidade do corpo docente, o fator mais relevante para a melhoria na educação. É o que informam estudos das mais prestigiadas organizações internacionais, como Unesco e OCDE, que também indicam que a figura do diretor adquiriu um perfil profissional muito mais complexo daquele do passado –circunstância que justifica um nível maior de exigência em sua formação e seleção.

Uma recente pesquisa da OCDE evidencia que os diretores de escola podem melhorar os resultados de seus colégios se contarem com autonomia, formação, apoio, e, sobretudo, se considerar que seu trabalho não é mais meramente administrativo.

De um diretor com liderança, hoje em dia, se espera que atenda, em primeiro lugar, ao desenvolvimento profissional dos professores de sua instituição e à avaliação de seu desempenho. Também espera-se que determine objetivos para sua escola em relação à aquisição de aprendizado e desenvolvimento de competências por parte dos alunos, e que preste contas desses resultados, que gerencie a administração e os recursos humanos da escola. Por último, mas não menos importante, há a expectativa que eles levem as escolas a fazer parte de redes, para dar à instituição projeção externa e oportunidades de apoio e colaboração.

Apostar na qualificação dos diretores de escola é uma decisão estratégica, inovadora e eficiente: mesmo se atingirmos um número limitado deles, o efeito multiplicador será mais importante que o investimento realizado. Dessa forma, contaremos com líderes decisivos para efetuar a mudança, a melhora e uma eficaz governabilidade do sistema educativo.

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